Luanda – O ex-director do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração ( Grecima), Manuel Rabelais, reafirmou nesta terça-feira que as transacções de compra e venda de divisas foram efectuadas dentro do circuito bancário.
Em julgamento no Tribunal Supremo desde o dia 09 do corrente mês, acusado dos crimes de peculato de forma continuada, branqueamento de capitais e violação de normas de execução orçamental, Manuel Rabelais referiu que todas as empresas que adquiriram divisas, disponibilizadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), fizeram-no em bancos comerciais.
Questionado sobre o perigo do Grecima constituir uma via para o branqueamento de capitais por parte de empresas sedeadas no exterior do país, Manuel Rabelais negou tal facto uma vez que o objecto e a prioridade da instituição era resgatar a imagem de Angola no interior e exterior de Angola.
A compra e venda de moeda estrangeira, com o acréscimo de uma taxa acima do valor oficial, foi uma alternativa à crise financeira para suprir necessidades do antigo gabinete, justificou Manuel Rabelais.
As transferências, adiantou, foram efectuadas sob orientação do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, com o objectivo de promover a imagem de Angola no exterior do país, em véspera do período eleitoral de 2017, além de outras acções que envolviam valores monetários.
Ao responder ao Ministério Público sobre a gestão do Grecima tendo em conta a carta enviada pelo ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que remete tal quesito para o ex-chefe da Casa Militar, Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, afirmou que a instituição que dirigia dependia do orçamento desse órgão auxiliar da Presidência da República.
Frisou, no entanto, que as questões de carácter secreto eram tratadas directamente com o ex-Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, cuja prestação de contas era oral para evitar deixar rastos.
Manuel Rabelais manifestou estranheza que na acusação do Ministério Público tenha surgido o pagamento de 432 mil 375 Kwanzas, ao Instituto Nacional de Segurança Social ( INSS), porque o Grecima à época dos factos não ter nenhum trabalhador efectivo.
Assumiu que foram transferidos 15 milhões de euros para o exterior do país, em benefício do canal televisivo Euronews, das empresas de consultoria e comunicação BANCLAN, RABLAN e Zilford, estas últimas de que é um dos sócios.
Defesa prescinde de testemunhas
Entretanto, a defesa de Manuel Rabelais prescindiu, nesta terça-feira, dos testemunhos dos jornalistas Gonçalves Inhanjica, Mariano de Almeida e Guilherme Simões, que haviam sido arrolados no inicio do julgamento.
De acordo com o advogado João Gourgel, a defesa adoptou esta posição por terem sido até ao momento esclarecidas as questões que pretendia fazer com a audição dos três profissionais da comunicação social, que colaboraram com o Grecima na altura dos factos.
O julgamento prossegue esta quarta-feira.