Luanda - O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio "Lula" da Silva, exprimiu, esta sexta-feira, o compromisso do seu país inaugurar uma nova agenda robusta com Angola que sirva de modelo para outros países.
O Estadista brasileiro discursava na Assembleia Nacional, por ocasião da sua visita de Estado a Angola, destinada ao reforço da cooperação bilateral.
Lula da Silva, que se fez acompanhar no hemiciclo pela primeira-dama, Rosangela Lula da Silva e de parlamentares brasileiros, enfatizou que o Brasil tem orgulho por ter contribuído em Angola com o financiamento de estradas, saneamento, abastecimento de água, geração e distribuição de energia eléctrica.
Assegurou, na ocasião, que o Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola em seu desenvolvimento, fundado no fortalecimento da agricultura, da indústria, no progresso científico e tecnológico, transição energética, protecção do meio ambiente e da biodiversidade.
Conforme o Presidente Lula da Silva,
o programa de regiões irrigadas e políticas de apoio à agricultura familiar no vale do rio Cunene, será o marco desta nova fase de cooperação com Angola.
Formulada com bases e demandas angolanas, disse o Estadista, a iniciativa fortalecerá o planeamento de recursos hídricos e a organização das cadeias produtivas daquela província.
"Ela permitirá transformar as terras irrigadas em fontes de recursos para a segurança alimentar e o desenvolvimento social", sustentou.
A província do Cunene é a região de Angola com mais risco de desertificação e, com efeito, o Presidente brasileiro saudou o Governo angolano pelo sucesso das obras de transposição das águas do rio Cunene, "que traz esperança à população daquela região".
Outro desafio que os dois países precisam de enfrentar juntos, afirmou, é o de encontrarem novas fontes de energia que possam frear os efeitos devastadores da mudança do clima.
"Os nossos interesses comuns são muito mais amplos, buscamos um verdadeiro desenvolvimento que exige o combate à pobreza, promoção da inclusão social, educação de qualidade e atenção à saúde das nossas populações", assinalou.
Elogios ao campeão da paz em África
Lula da Silva elogiou o facto de a União Africana (UA) ter concedido ao Presidente João Lourenço o título de "campeão pela paz e reconciliação em África", considerando um justo reconhecimento pelo seu papel como mediador da crise entre Kinshasa (RDC) e Kigali ( Rwanda).
Por estas e outras credenciais, fez saber que convidou o Presidente João Lourenço para participar na próxima Cúpula do G20 que terá lugar no Rio de Janeiro (Brasil) em Novembro de 2024.
"Será uma ocasião muito importante para discutimos, juntos, questões como a coordenação económica e a reforma da governação global", vincou.
Notou que o Brasil tem Angola como um parceiro e um amigo e, por esse facto, "temos orgulho de ser o primeiro país do mundo a reconhecer Angola independente e de fazer parte da moderna história deste país".
Considera que, com essa visita histórica a Angola, "o Brasil está de volta à África".
Cooperação parlamentar
O Presidente da República Federativa do Brasil sublinhou que a cooperação entre os dois parlamentos ajudará a estreitar ainda mais a relação bilateral.
"O Brasil vê no continente africano como um todo e Angola, em particular, um vizinho próximo, temos semelhanças e afinidades profundas e somos unidos (...) pelo Atlântico" disse o Estadista, ressaltando o facto de mais da metade dos 213 milhões de brasileiros se reconhecer como afro-descendentes.
Exprimiu a sua satisfação ao ver o Parlamento angolano a ser dirigido por uma senhora, a deputada Carolina Cerqueira, a quem desejou êxitos nesta nobre missão.
"Tenho enorme satisfação ao ver uma mulher, a deputada Carolina Cerqueira, a dirigir esta casa. Todos nós, representantes eleitos do povo, devotamos ao parlamento um respeito profundo e isso reflete à nossa sincera crença nas virtudes da democracia", disse.
Agradeceu, também, ao povo e Governo de Angola pelo apoio quando o seu país viveu, a 8 de Janeiro deste ano, "a tentativa de um golpe à sede dos três poderes".
Durante a sua intervenção, apelou para a necessidade de um diálogo fraterno com pessoas com posições diferentes.
"A gente aprende a dialogar porque essa superação da relação entre seres humanos é que permite que a democracia seja tão extraordinária que permitiu, no meu país, que um torneio mecânico chegasse à presidência da República", vincou.
A cooperação entre Angola e o Brasil começou a desenhar-se a 11 de Junho de 1980, com a assinatura do Acordo de Cooperação Económica, Científica e Técnica.
No âmbito desse acordo, os dois países desenvolveram a cooperação bilateral nas áreas da saúde, cultura, administração pública, formação profissional, educação, meio ambiente, desporto, estatística e agricultura.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer a independência de Angola, proclamada a 11 de Novembro de 1975, pelo então Presidente António Agostinho Neto. DC/AL/ADR