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Bienal debate conciliação de desafios éticos ao interesse nacional

     Política              
  • Luanda • Quinta, 23 Novembro de 2023 | 22h38
Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges
Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges
Joaquina Bento-ANGOP

 Luanda - A ética e a cientificidade na tomada de decisões políticas conciliadas à preservação ambiental e ao interesse nacional estiveram em discussão, na tarde desta quinta-feira, na Bienal de Luanda. 

No painel "Mudanças climáticas: desafios, impacto, adaptação e vulnerabilidades", o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou que a ética obriga a diferenciar a ciência da política e que as decisões devem respeitar as avaliações técnicas. 

O governo define prioridades, mas depois são avaliadas ao nível técnico nas questões de âmbito nacional e regionais no interesse das populações, do Estado e dos países vizinhos. 

João Baptista Borges informou ainda que a estratégia para sustentabilidaden Integra políticas para contrapor as alterações climáticas, com metas de transição energética, produzindo energias limpas, mediante a construção de barragens hidroeléctricas e a construção de parques solares, para compensar em períodos de irregularidade hidrológica. 

O ministro de Energias e Águas defendeu a promoção de programas de educação para elevar sentimentos de propriedade da população em relação aos bens públicos e ajudar a protegê-los e evitar a sua vandalização.

Referiu que a dispersão de famílias autóctones, principalmente , no sul do país, tem dificultado assistência e a prestação de serviços à esta populações.

Recursos minerais

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, defendeu políticas de protecção ambiental ao mesmo tempo que os países têm de responder às suas necessidades de desenvolvimento e da promoção do bem-estar das populações. 

Afirmou que o maior problema da alterações climáticas é o homem, pelo que deve ser educado para o domínio das tecnologias a bem de todos e nos valores da pátria, sem que se aponte o petróleo e outros recursos como os vilões.

Defendeu uma transição energética mineral e digital justa e equitativa, lamentando o facto de 600 milhões habitantes do continente não terem acesso a energia, apesar dos recursos existentes no seu solo.

Informou que o governo pretende maximizar cada barril de petróleo construindo refinarias, para depois ir para petroquímica e no futuro contribuir para a produção de fertilizantes.

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás advogou políticas mundiais mais sérias e convincentes, baseada no ensino e investigação para conter as alterações climáticas, reconhecendo que África tem o direito de usar os seus recursos como uma benção e não como maldição.

União Africana 

A comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável,

Josefa Sacko, acha que tem faltando ao continente políticas públicas para tirar vantagens dos seus recursos e garantir a autosuficiência. 

Disse que a pandemia da Covid-19 e a guerra entre a Rússia e Ucrânia trouxeram receios da falta de alimentos quando os países africanos têm terras férteis para produzir o suficiente para alimentar as suas populações.

Falou da necessidade de correção de justiças no mercado mundial, como o facto de uma tonelada de carbono produzido em África valer entre 2 a 3 dólares e o produzido na América Latina ou na Ásia custar 18 dólares.

Lembrou que a cimeira do clima de Nairobi incentiva o crescimento da economia verde, identificando as fontes de financiamento e na necessidade de se dar conhecimento sobre o funcionamento do mercado de carbono.

Já a coordenadora de Programas e Projectos da Organização das  Mulheres Indígenas Africanas da Rede da África Central, Hajara Haman, pediu maior inclusão da comunidades autóctones, investimento na sua educação para que possam participar mais activamente no desenvolvimento dos seus países.

Referiu que tratando de populações com conhecimento de técnicas sobre preservação ambiental transmitidas de geração para geração deviam ser mais ouvidos por ser também autores da mudança. 

Hajara Haman apontou como desafios das comunidades autóctones a marginalização , descriminação do género, conflitos de terras e a migração que pode provocar perda da identidade. 

Moderou o painel o professor universitário e Especialista em Alterações Climáticas, Gabriel Luís Miguel. JFS/VIC





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