Beijing (Da enviada especial) - A realização do Fórum de Negócios Angola-China marca, este sábado, o ponto alto do segundo dia da visita oficial do Presidente angolano, João Lourenço, a este país asiático.
A agenda do dia reserva audiências a empresarios chineses e uma entrevista a um órgão de comunicação social deste país, antes da partida do Presidente para a província de Shandong.
Na sexta-feira, o Presidente angolano participou em três reuniões de alto nível, designadamente com o seu homólogo chinês, Xi Jimping, o primeiro-ministro, Li Qiang, e o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (Parlamento), Zhao Leji..
Durante o encontro presidencial, no Palácio do Povo, Xi Jinping propôs a renovação da cooperação entre o seu país e Angola, em diferentes domínios.
Ressaltou que as relações bilaterais estão bem avançadas, razão pela qual vão continuar a apoiar Angola.
No final do encontro entre os estadistas, as delegações dos dois países assinaram 12 acordos, em áreas como o desporto, comércio a agricultura, desenvolvimento sustentável e infra-estruturas digitais.
Antes, na reunião com o primeiro-ministro chinês, o Presidente angolano informou que já "foram desbloqueados os constrangimentos apresentados por Angola sobre os compromissos com bancos e instituições credoras chinesas”.
João Lourenço precisou que a dívida de Angola à China fixa-se em cerca de 17 mil milhões de dólares norte-americanos.
Desse valor, explicou o Presidente angolano, cerca de 12 mil milhões de dólares foram contraídos junto do Banco de Desenvolvimento Chinês (CDB) e do EximBank.
Conforme salientou João Lourenço, cuja visita oficial decorre até domingo, foi realizado nos últimos dias, com sucesso, um trabalho dos ministros de Estado para a coordenação Económica e das Finanças de Angola com o ministro das Finanças da China e com estes bancos e instituições credoras, para estudar medidas de alívio, sem prejudicar os interesses de nenhuma das partes.
Ainda na sexta-feira, o Chefe de Estado angolano depositou uma coroa de flores no monumento dos heróis do povo, localizado na Praça da Paz Celestial, e participou de um jantar oferecido pelo homólogo chinês.
Na quinta-feira, à margem do programa oficial, o Presidente angolano recebeu empresários chineses que actuam em vários ramos em Angola, entre eles o presidente da China Gezghouba Group Corporation (CGGC), Tan Hua.
Com essa entidade, João Lourenço falou sobre o Aproveitamento Hidro-eléctrico de Caculo Cabaça, que está a ser construído na província do Cuanza-Norte (Bacia do rio Kwanza) por essa empreiteira.
Outra audiência foi com o presidente do Conselho de Administração da empresa Hebei Huatong Cable Group, Zhang Wedong, que abordou o andamento das obras de uma fábrica de produção de alumínio no Bengo, com capacidade de produção de 120 mil toneladas por ano.
Num outro encontro, João Lourenço recebeu o presidente da Engineering Corporation (AVIC), Liu Hong Guang, encarregue da construção do Aeroporto Dr. António Agostinho Neto, inaugurado no ano passado.
Na série de audiências separadas, o Presidente recebeu o presidente do Conselho de Administração da Zheijiang Sunshine Industrial Group, Sociedade Comercial, Wu Hongxin, que investiu USD 550 milhões em Angola.
Do conjunto de audiências a executivos chineses, destaque para a da representação da Safety Technology, uma subsidiária da China Telecom, encabeçada pelo presidente do seu Conselho de Administração, Li Longqing.
Quatro décadas de Cooperação
Actualmente, as relações de cooperação entre os dois países têm o seu quadro jurídico assente num Acordo Geral que opera nos mais variados domínios da vida económica e social, com forte presença nas áreas de formação de quadros, no caso da construção e apetrechamento do Centro Integrado de Formação Tecnológica e da Academia Diplomática Venâncio de Moura, assim como bolsas de estudo para os jovens angolanos.
Com um stock avaliado em 18.410,2 milhões de dólares, correspondente a 37,27% do total da dívida pública externa de Angola (avaliada em cerca de 49.387,7 milhões de dólares até ao terceiro trimestre de 2023), a China segue como maior credor de Angola, apesar dos esforços do Governo angolano para a rduzir. FMA/MCN