Luanda – Cinco anos após a realização das eleições gerais de 2017, os angolanos voltam às urnas, esta quarta-feira, 24 de Agosto, num processo democrático em que se espera pela participação de 14 milhões, 399 mil e 391 eleitores, dos quais um terço é jovem.
À semelhança dos sufrágios de 1992, 2008, 2012 e 2017, a juventude terá papel fulcral na escolha dos novos governantes do país para o quinquénio 2022-2027, depois de participar, em massa e de forma activa, nas diferentes campanhas eleitorais.
dados do Ficheiro Informático dos Cidadãos Maiores (FICM), disponibilizados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), indicam que três milhões, 56 mil e 324 jovens, dos 18 aos 25 anos, integram o leque mais representativo deste pleito.
Trata-se de um grupo na faixa etária dos 18 aos 35 anos, um dos mais cobiçados na campanha eleitoral pelas forças políticas angolanas, determinadas em conquistar o poder pela via do voto popular e, assim, formar Governo para os próximos cinco anos.
Segundo o FICM, do número de eleitores na faixa de menos de 25 anos, três mil e 618 foram registados na diáspora, em 25 cidades de 12 países de África, da Europa e da América.
Ainda de acordo com o ficheiro, a faixa que se segue com maior número de cidadãos votantes está entre os 25 e os 30 anos, representando dois milhões, 121 mil e 912 eleitores, dos quais dois mil e 664 se registaram no exterior.
Para muitos desses jovens, que vão às urnas pela primeira vez, a participação no sufrágio representa um momento ímpar, pelo que se mostram prontos para exercer o direito de voto e poder decidir, livremente, o seu próprio destino.
Armando Manuel, 22 anos, estudante de Direito, diz que não está ansioso, quando faltam pouco menos de oito horas para a abertura das assembleias de voto.
Do seu ponto de vista, o voto é hoje a ferramenta mais importante da democracia.
“Dependendo do candidato, das suas propostas e das suas intenções, o país vai caminhar de forma diferente. Por isso, por mais que pareça que não afecte a nossa vida, temos de ter certo cuidado em relação ao partido em que vamos votar”, alerta.
O estudante espera que o partido que vencer as eleições gerais de 2022 melhore, de facto, a situação social e económica do país, privilegiando assuntos que tocam os jovens, como o aumento de escolas e de postos de trabalho.
Mário Luabilada, 30 anos, estudante de Psicologia, diz-se expectante com as eleições, reiterando o apelo ao vencedor do sufrágio para cumprir com as promessas.
"Pretendemos que o jogo político, sobretudo neste ano eleitoral, não fique refém de práticas que não dignificam a nossa democracia”, declara o eleitor.
Ainda a respeito da participação dos jovens nas eleições, Marlene Vasco, 33 anos, aconselha a juventude a adoptar um comportamento digno e a preservar a paz.
Estabilidade, paz e democracia
No entender do sociólogo António Mazareto, a inclusão da juventude nos processos políticos é crucial para a estabilidade social e para a paz, a longo-prazo.
Diz que o envolvimento dos jovens na formulação das políticas é importante, sendo a sua participação inclusiva um direito político e democrático fundamental.
“A promoção activa da inclusão de jovens nos processos políticos não deve ser vista apenas sob o ponto de vista das normas, valores e direitos, mas também da política prática, visto que as suas prioridades diferem daquelas dos mais velhos”, comenta.
Do seu ponto de vista, os jovens são a principal parte interessada na democratização das sociedades, recorrendo ao postulado na Carta Africana da Juventude.
Já o psicólogo Paulo Bernardo diz que numerosos apelos têm sido feitos para que os jovens não esperem, quando podem ir ao encontro das soluções, e estejam sempre à altura dos desafios e oportunidades que as instituições e o país proporcionam.
Destaca que o engajamento político dos jovens é importante, no sentido de estarem devidamente esclarecidos, ao mesmo tempo que apela à maturidade cívica e política dos mais novos, para a compreensão plena dos fenómenos da vida em sociedade.
“Os jovens precisam de estar presentes ali onde muitos dos seus problemas são avaliados, onde as soluções para os problemas são planeadas e onde o seu futuro é decidido. Não devem sentir-se adversos à política”, defende.
Apela aos jovens para tomarem consciência das suas responsabilidades e desafios, sublinhando que acontecimentos recentes têm mostrado que eles (jovens) desempenham papel crucial na transformação social e política em África.
As eleições deste ano, que terão pela primeira vez a participação dos angolanos na diáspora, são as quintas da história de Angola, depois das de 1992, 2008, 2012 e 2017.
Entre os mais de 14 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22 mil e 560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, da Europa e da América.
No exterior, o sufrágio ocorrerá na África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), na Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu), na República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi), na República do Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu e Solwezi).
Fora do continente, poder-se-á votar no Brasil (Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo), na Alemanha (Berlim), na Bélgica (Bruxelas), em França (Paris), no Reino Unido (Londres), em Portugal (Lisboa e Porto) e nos Países Baixos (Roterdão).