Huambo – O arcebispo emérito da Igreja Católica no Huambo, Dom Francisco Viti, defendeu, recentemente, a necessidade de os angolanos exercitarem o espírito de tolerância e respeito na diferença, a fim de salvaguardarem os fundamentos da paz.
Em entrevista à ANGOP, a propósito do 4 de Abril (Dia da Paz e Reconciliação Nacional), o prelado encorajou à promoção de competências e da qualidade no ensino, para que se possa ter mais quadros qualificados, assegurar e preservar a estabilidade sociopolítica, bem como dinamizar o desenvolvimento sustentável.
Na opinião de Dom Francisco Viti, sem paz não se pode ter nenhum projecto social válido, sublinhando que são vários os benefícios desta conquista no país, como a liberdade de circulação de pessoas e bens.
Par si, é importante que, depois deste passo, os angolanos caminhem como irmãos na complementariedade, sendo esta a palavra de ordem e o caminho do progresso.
“O contacto dissipa os preconceitos, corta as divisões e favorece o reforço da unidade nacional”, sublinha o prelado, para quem Angola conquistou, em 19 anos de paz, um importante espaço em África, em particular, e no Mundo, em geral.
“Angola, a nível da geoestratégia de África, ocupa, desde o alcance da paz e da reconciliação nacional, um lugar geográfico muito importante. E não pode isolar-se dos outros países, porque, por si, nenhum Estado se basta”, expressou.
Para si, o país precisa andar com os outros sem alienação da sua independência, mas identificando-se com as necessidades dos países irmãos, reciprocamente.
Noutro domínio, Dom Viti afirmou que gostaria de ver melhorada a promoção do espírito científico e a confiança nos próprios angolanos. “As letras são importantes, mas as ciências também são necessárias.
“Eu sonhava, quando Angola se tornou independente, que fabricaríamos os nossos próprios carros e aviões. Era sonho um pouco utópico, mas tinha um fundo. Aqueles que fabricam carros e aviões saio homens como nós e se eles podem, não poderemos também nos fazer?”, indagou o arcebispo católico.
Para o prelado, esta auto-confiança é importante para livrar os angolanos do complexo de inferioridade perante os outros povos e alavancar o progresso do país.
Para a autoridade religiosa, “a riqueza das riquezas é o povo angolano e não são os recursos naturais, a que se segue a saúde, educação é a competência”.
Quanto ao processo democrático em Angola, referiu que “felizmente somos um Estado Democrático, apesar de ser necessário ainda algum trabalho para a sua consolidação”.
Porém, argumenta que disso não se pode dissociar o papel das igrejas, que sempre tiveram posicionamento firme, de grande coragem, pelo bem de Angola e do seu povo.
Por este motivo, destaca o contributo destas para o alcance da paz em Angola, sublinhando que cada organização política nacional deve complementar a outra.