Luanda – O embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, defendeu, esta sexta-feira, em Luanda, o alargamento da cooperação espacial entre os dois países.
O diplomata falava à imprensa no final de uma audiência concedida pela vice-presidente do MPLA (partido governante), Luísa Damião, que abordou a cooperação entre esta formação política e o partido Rússia Unida, nos domínios da formação de quadros, entre outros.
Questionado sobre o lançamento do satélite angolano, referiu que o Angosat 2 pode contribuir para o desenvolvimento económico do país, em áreas como agricultura, exploração de minerais e outras.
Afirmou que o lançamento do satélite, realizado na última quarta-feira, constitui o primeiro passo, seguindo-se outras acções para a exploração das reais capacidades do Angosat 2.
Por outro lado, o embaixador Vladimir Tararov lembrou que o MPLA e o partido Rússia Unida rubricaram, em 2021, um acordo de cooperação que abrange diversos domínios.
Informou que Angola foi convidada a participar na Conferência Internacional sobre os Problemas Globais de Segurança e Paz no Mundo, a ter lugar em Sochy, Federação Russa, em Novembro do corrente ano.
O Angosat 2, com duas toneladas e uma alta capacidade de transferência de informação, percorre 36 mil quilómetros da superfície terrestre até à órbita geoestacionária, onde ficará na posição 23E do espaço. Com 15 anos de tempo de vida útil, o mesmo tem ainda seis “transponders” na Banda C, 24 na Banda KU e, como novidade, um retransmissor na Banda KA.
Trata-se de um satélite de Alta Taxa de Transmissão (HTS), preparado para disponibilizar 13 gigabytes em cada região iluminada (zonas de alcance do sinal do satélite). O mesmo será baseado na plataforma Eurostar-3000.
O satélite vai cobrir o continente africano, com maior ênfase para a região sul, e parte significativa do sul da Europa.
Este satélite começou a ser construído a 28 de Abril de 2018, nas instalações da Airbus, em França, onde foi instalada toda a carga útil do satélite, todos os componentes que estão a permitir o seu funcionamento.
A estrutura foi depois transferida para a fábrica da ISS Reshetnev, na cidade "fechada" de Zheleznogorsk, próximo de Krasnoyarsk, na região da Sibéria, onde foi produzida a carcaça e instalado o mecanismo de arranque. Seguiu-se a transferência para o local de lançamento, na estação aeroespacial de Baikonur, no Cazaquistão.
O Angosat 2 surgiu com a missão de substituir o Angosat 1, o primeiro satélite angolano que foi lançado em órbita a 26 de Dezembro de 2017, mas desde então enfrentou problemas.
Após o lançamento houve uma perda primária de contacto devido a uma falha no subsistema de alimentação do satélite logo após este entrar em órbita, embora as comunicações tenham sido recuperadas, houve problemas na fonte de alimentação do satélite.
Foi um investimento do Estado angolano de 320 milhões de dólares (269,6 milhões de euros).
O contrato previa, no caso da impossibilidade de se colocar em órbita o Angosat 1, a obrigação de a outra parte repor os serviços.
Audiência
Ainda hoje, a vice-presidente do MPLA recebeu, em audiência, o embaixador da República Árabe Saharaui Democrática, Hamdi el jalil Aaili, que manifestou a disponibilidade deste país cooperar com Angola na recuperação de infra-estruturas, ligadas à saúde, educação, energia e água e da agricultura.
O responsável destacou a experiência de Angola no domínio da desminagem, tendo referido que a República Árabe Saharaui Democrática possui uma grande extensão do seu território minada.
Sobre as relações entre o MPLA e a Frente Polisário, referiu que são antigas e que devem ser reforçadas.