Paris (Dos enviados especiais) – A visita do Presidente João Lourenço a França é a expressão mais alta da relação que Angola tem com este país europeu, desde a sua formalização, em 1976, declarou esta quarta-feira, em Paris, o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António.
Segundo o chefe da diplomacia angolana, a visita confirma a importância de se continuar a desenvolver o conteúdo dessa relação e adaptá-lo aos imperativos actuais de cada país, tendo em conta as dinâmicas internas e externas.
Em declarações à imprensa a propósito da deslocação do Chefe de Estado angolano à capital francesa, Téte António afirmou que a preparação do terreno para o efeito foi concluída com a assinatura de um novo Acordo Geral de Cooperação (AGC), em cerimónia realizada no mesmo dia, em Paris.
Explicou que o documento em causa representa o acordo-mãe do quadro geral da cooperação entre os dois países, assinado expressamente para preparar esta segunda visita de Estado do Presidente João Lourenço à França, depois da primeira ocorrida em 2018, no começo do seu primeiro mandato.
Recordou que o momento mais alto da agenda do estadista angolano em Paris será o encontro, quinta-feira de manhã, com o seu homólogo de França, Emmanuel Macron, antes de visitar a Assembleia Nacional francesa.
O governante acrescentou que no total foram assinados quarta-feira seis acordos justamente para preparar o conteúdo que se pretende dar à relação bilateral com França que é “muito profícua, em que todos os domínios, praticamente, da nossa vida estão contemplados neste contexto”.
Explicou que, para além do acordo geral de cooperação, que abre a porta a todos os outros domínios mas a título de adaptação da relação bilateral ao momento actual, foram assinados outros instrumentos jurídicos mais específicos como o relativo à criação do mecanismo de consultas políticas.
Segundo Tête António, este último documento vai permitir que, rapidamente, os dois países possam, sem esperar a data e a periodicidade das comissões mistas, consultar-se sobre um assunto de interesse comum.
Também foi assinado um acordo sobre a biodiversidade com incidência na protecção da Palanca Negra como animal único que só existe em Angola, e um outro relacionado a questões de inovação e ensino, precisou.
Agenda presidencial
Sobre o encontro desta quinta-feira entre os Presidentes de Angola e França, Tête António disse estar convencido de que a cooperação bilateral terá o seu lugar de destaque na conversa entre os dois chefes de Estado sem esquecer a concertação a nível regional, primeiro relativamente à questão dos Grandes Lagos.
Indicou que esta questão interessa muito a França, que, juntamente com Angola, esteve na origem, a nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da declaração presidencial dedicada à questão da criação da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Desde então, a concertação entre os dois países sobre a Região dos Grandes Lagos tem sido permanente, disse, referindo que França tem igualmente interesse na próxima presidência da União Africana (UA) do Presidente João Lourenço nos temas que Angola quer abordar.
Por outro lado, prosseguiu, França vai presidir, 2026, ao G7 como um fórum que interessa também ao continente africano, tendo em conta que este grupo sempre que se reúne tem um tema sobre África quanto às questões de desenvolvimento que muito interessam a Angola.
Por isso, concluiu, há muito campo de concertação bilateral e multilateral entre os dois países.IZ/SC