Luanda - Angola pretende negociar uma nova linha de crédito com o Brasil, para financiar a construção de infra-estruturas escolares, hospitalares, estradas, aeroportos, redes de transportação de energia eléctrica e respectivas subestações, anunciou hoje, sexta-feira, o Presidente João Lourenço.
Ao discursar por ocasião das conversações oficiais entre delegações dos dois países, o Chefe de Estado angolano sublinhou, além das infra-estruturas, o bom ambiente de negócios reinante no país.
Na ocasião, o titular do Poder Executivo apelou ao Brasil para a criação de um fundo de apoio ao investimento privado, a ser usado por empresários interessados em realizar negócios em Angola nas áreas do comércio, cultura, indústria e serviços.
No capítulo internacional, o Chefe de Estado angolano considerou importante a promoção de um encontro de alto nível entre a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), para analisar formas de cooperação económica e de desenvolvimento.
João Lourenço acrescentou que o encontro de alto nível serviria também para analisar aspectos sobre as alterações climáticas e medidas para a protecção do ambiente.
Adiantou que uma das ideias centrais do futuro encontro seria a exploração do “grande potencial e as afinidades” existentes entre estes dois blocos regionais.
“Muito se fala da importância da cooperação sul/sul, no actual contexto das trocas comerciais desfavoráveis que os nossos países mantêm com o norte industrializado e desenvolvido”, notou o Chefe de Estado que elogiou o “regresso em força do Brasil no cenário político internacional”.
Na sua intervenção, João Lourenço falou também do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, tendo encorajado todos os protagonistas para evitarem a escalada do conflito e enveredarem pelos caminhos da diplomacia e do diálogo, em busca de uma solução política para o conflito.
Na óptica do Estadista angolano, a comunidade internacional deve ter a capacidade de persuadir a Rússia para terminar com esta guerra, encorajar e ajudar as partes a estabelecerem um cessar-fogo que permita dar início a uma ronda de negociações que conduza a uma paz duradoura.
Segundo João Lourenço, nunca as questões sobre a paz e segurança mundiais estiveram tanto no centro das preocupações e das agendas da comunidade internacional como agora, com o eclodir do conflito na Ucrânia, pelos “graves efeitos” que tem produzido sobre a segurança alimentar, energética e humanitária.
Por isso, considera que este tema deve preocupar a todos aqueles que diante de tão séria ameaça defendem a necessidade da construção de uma arquitectura de segurança mundial que salvaguarde os interesses de toda a humanidade.
Realçou, entretanto, que outros conflitos como o Israelo-Palestino, a guerra no Sudão e o terrorismo internacional, com destaque para a situação na região do Sahel, a instabilidade no Leste da República Democrática do Congo e em Cabo Delgado (Moçambique), não podem cair no esquecimento, devendo continuar a merecerem igualmente a máxima atenção.
O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, proclamada a 11 de Novembro de 1975, pelo Presidente António Agostinho Neto. A sua Embaixada em Luanda foi criada por decreto, em Dezembro do mesmo ano.
A cooperação entre Angola e o Brasil começou a desenhar-se a 11 de Junho de 1980, com a assinatura do Acordo de Cooperação Económica, Científica e Técnica.
No âmbito desse acordo, os dois países desenvolveram a cooperação bilateral nas áreas da saúde, cultura, administração pública, formação profissional, educação, meio ambiente, desporto, estatística e agricultura. OHA/AL/ADR