Luanda – Um projecto de acordo de paz duradoura para o conflito entre o Rwanda e a República Democrática do Congo (RDC) começa a ser discutido, nos próximos dias, em Luanda, a nível ministerial, anunciou a Presidência da República.
Numa nota postada na sua conta oficial Facebook, a Presidência angolana explica que o novo projecto de acordo foi proposto pela mediação angolana, na sequência da entrada em vigor do cessar-fogo alcançado recentemente pelas partes.
A proposta foi apresentada às partes, nas últimas 48 horas, no quadro das visitas de trabalho realizadas pelo Presidente João Lourenço, em Kigali e Kinshasa, na qualidade de medianeiro da União Africana (UA) no conflito entre os dois países vizinhos.
A nota indica que os dois países têm assim a oportunidade de analisá-la para que, nos próximos dias, em data a acordar entre Angola, RDC e Rwanda, a proposta de paz duradoura comece a ser discutida, em Luanda, ao nível ministerial.
O Presidente João Lourenço regressou ao país, esta segunda-feira à noite, depois de cumprir mais uma maratona diplomática que lhe permitiu encontrar-se com os Presidentes Paul Kagame, em Kigali, e Félix Tshisekedi, em Kinshasa.
As duas deslocações visaram propiciar o restabelecimento da confiança mútua com vista a garantir o cumprimento do novo acordo de cessar-fogo, assinado a 30 de Julho último, em Luanda, entre a RDC e o Rwanda, sob a mediação angolana.
Antes da sua deslocação aos dois países, o Presidente João Lourenço conversou por telefone com Kagame e Tshisekedi sobre a consolidação do processo de paz na RDC pela observância do cessar-fogo, que vigora de 04 deste mês.
A RDC acusa o Rwanda de apoiar activamente a rebelião do M23 no conflito que assola o Leste do país, alegações reiteradamente refutadas pelas autoridades rwandesas.
Ao mesmo tempo, Kinshasa acusa igualmente o Rwanda e o M23 de tentarem apoderar-se dos recursos minerais do Leste do país, mas este último alega estar a defender uma minoria da população tutsi ameaçada, na província do Kivu-Norte.
O M23 foi constituído, em 04 de Abril de 2012, quando cerca de 300 soldados das Forças Armadas da RDC se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de Março de 2009, que dá nome ao movimento.
Depois da perda de poder do seu líder de então, Bosco Ntaganda, o movimento voltou a pegar em armas, no final de 2021, depois de uma década adormecido.
Desde então, conquistou grandes áreas do território do Kivu-Norte e provocou a deslocação de centenas de milhares de pessoas, nesta província oriental.
As Nações Unidas apontam para a existência de mais de sete milhões de pessoas deslocadas, na região, no que constitui uma das maiores crises humanitárias do mundo. IZ