Luanda- O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco José da Cruz, afirmou esta quinta-feira, em Nova Iorque, que a modernização da rede de transportes e logística é das principais prioridades do país para capitalizar a localização geográfica de Angola.
No quadro das prioridades, destacou o novo aeroporto internacional de Luanda, inaugurado em Novembro de 2023, que deverá posicionar o país como um centro de aviação regional e um poderoso motor para a economia, aumentando a sua atractividade e potencial para fins comerciais e turísticos.
O diplomata, falava no diálogo informal sobre a Construção de Resiliência Global e a Promoção do Desenvolvimento Sustentável através da Conectividade de Infra-estruturas, no âmbito da Semana da Sustentabilidade, que decorre até sexta-feira, naquela cidade norte-americana.
Informou que há também melhorias nas ligações com os países vizinhos sem litoral, como a Zâmbia e a parte sul da República Democrática do Congo (RDC), com o Corredor do Lobito, uma ferrovia de mil 344 quilómetros que ligará os três países oa mundo através do Porto angolano do Lobito.
Disse que que após a sua conclusão, o Corredor do Lobito tornar-se-á numa importante ligação de transporte ferroviário na África Subsariana e melhorará a produtividade e a competitividade das empresas, promovendo o desenvolvimento económico e aumentando o investimento estrangeiro directo na região.
Acrescentou que o Corredor do Lobito é mais um exemplo de como Angola está a desempenhar um papel activo na implementação do Programa da União Africana para o Desenvolvimento de Infra-estruturas em África (PIDA) para construir uma rede de infra-estruturas sólida e fiável, que irá melhorar as exportações intra e inter-africanas, bem como transformar o país num dos centros de comércio e desenvolvimento da África Austral.
Durante a sua intervenção, Francisco José da Cruz enfatizou que o executivo tem vindo a implementar um ambicioso plano de infra-estruturas no âmbito do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, que inclui reformas regulamentares, incentivos aos investidores e parcerias público-privadas inovadoras.
Este programa, sustentou, visa acelerar o crescimento económico, melhorar os transportes, aumentar a segurança energética, atrair investimento internacional e melhorar os meios de subsistência do povo angolano, contribuindo assim para a realização da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 9: construir infra-estruturas resilientes, promover industrialização inclusiva e sustentável e promover a inovação.
Africa enfrenta grandes oportunidades e desafios
Falando em nome do Grupo Africano, o diplomata salientou que, com uma população projectada para 2,5 mil milhões de pessoas até 2050, África enfrenta grandes oportunidades e desafios.
Referiu que a inadequação das redes de infra-estruturas custa anualmente ao continente cerca de 2% do seu PIB, realçando o facto de que se espera que onze das 20 economias de crescimento mais rápido do mundo em 2024 estejam em África, sendo vital concentrar-se no desenvolvimento de infra-estruturas para alavancar esta aceleração económica projectada, com um crescimento médio estimado em 3,8% em 2024.
Relativamente ao Programa para o Desenvolvimento de Infra-estruturas em África (PIDA), disse que este quadro estratégico dá prioridade a projectos de infra-estruturas e promove a integração regional, tendo beneficiado de mais de 65 mil milhões de dólares em compromissos de financiamento dos Estados-membros da UA.
Este facto, realçou, ilustra a dedicação de África em abordar os défices de infra-estruturas como um aspecto crucial do desenvolvimento sustentável.
Fez saber que, actualmente, o investimento neste sector é de 4% do PIB, mas se espera que aumente, colmatando o défice de infra-estruturas, estima-se que o crescimento do PIB poderá aumentar 2 pontos percentuais anualmente, o que contribuiria para o desenvolvimento sustentável e a resiliência económica.
“A Agenda 2063 da UA coloca a conectividade das infra-estruturas na vanguarda dos seus objectivos, com foco na interconectividade entre regiões e sectores”, ressaltou.
Na ocasião, Francisco José da Cruz informou ainda que a União Africana (UA) está a envidar esforços para alavancar a conectividade de infra-estruturas, de modo a desbloquear o potencial económico de África
Entende que isso só será possível através de iniciativas como a Zona de Comércio Livre Continental (AfCFTA), iniciativa que visa criar o maior mercado único do mundo.
Considerou importante enfrentar os principais desafios, como o financiamento inadequado, as barreiras regulamentares e as restrições à capacidade institucional, para aproveitar a dinâmica destas iniciativas, destacando esforços positivos, como o estabelecimento do Mecanismo de Ajustamento da Zona de Comércio Livre Continental e a plataforma de investimento em infra-estruturas Africa50. ART