Nova Iorque - Angola manifestou preocupação com o avanço do M23 no Kivu Norte, após violentos confrontos com unidades das Forças Armadas da RDC (FARDC) e a tomada de novas localidades por aquele movimento.
A posição foi expressa pelo representante permanente adjunto da Missão de Angola junto da ONU em Nova Iorque, João Gimolieca, durante a sua intervenção na reunião do Comité de Sanções 1533 sobre a República Democrática do Congo, realizada na última quinta-feira.
Segundo uma nota de imprensa da Missão Permanente de Angola junto das Nações Unidas, o diplomata referiu que os confrontos já mataram e feriram vários civis, além de centenas de milhares de deslocados e refugiados em países vizinhos, agravando ainda mais a situação humanitária.
Por isso, Angola condena veementemente a série de ataques do M23 e os seus avanços que pioram a segurança e a estabilidade na região, exigindo a cessação imediata das hostilidades e de quaisquer novos avanços, assim como a sua retirada de todas as áreas ocupadas.
Disse que na qualidade de Presidente em exercício da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, Angola continua também preocupada com a escalada de tensão nas relações entre a RDC e o Rwanda, assim como o potencial risco de regionalização do conflito.
Neste sentido, informou que o país tem envidado esforços no sentido de encontrar uma solução para a normalização das relações políticas e diplomáticas entre os dois países.
Fez saber ainda que, para reduzir o impacto da situação humanitária na RDC, Angola enviou em Novembro último, para a cidade de Goma, cerca de 30 toneladas e meia de vários produtos alimentares, que serviram de apoio humanitário e assistência às populações deslocadas.
Referiu que o apoio surge como resposta do Presidente João Lourenço ao pedido do Presidente da RDC, Félix Tshissekedi, na sequência da minicimeira pela paz e segurança na Região Leste da RDC, realizada em Luanda.
O diplomata reiterou que Angola continuará a apoiar e a encorajar todos os esforços de cooperação entre as organizações regionais e sub-regionais.
“Acreditamos que com o actual reconhecimento do Conselho de Segurança da ONU, os dois processos (Luanda e Narobi) como sendo de essência político-diplomática e político-militar, e que decorrem paralelamente em regime complementar, são as soluções para resolver o conflito na fronteira comum entre a RDC e o Rwanda”, asseverou.
O relatório de balanço intercalar foi apresentando pela presidente do Painel de Peritos do Comité de Sanções 1533 sobre a RDC, Mélanie De Groof, que descreveu um quadro desafiador face ao recrudescimento dos confrontos nos últimos meses.
Além de Angola, intervieram na reunião os representantes da RDC, RWanda, Gabão, Burundi, Sudão do Sul, França, Bélgica, China, Gana, Estados Unidos da América e Albânia.
No âmbito dos esforços de mediação do conflito entre a RDC e o Rwanda, no dia 23 de Novembro de 2022, a cidade de Luanda acolheu a mini-cimeira sobre paz e segurança na região Leste da República Democrática do Congo.
A reunião foi presidida pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África e Mediador nomeado para manter o diálogo entre os dois países. OHA/ADR