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Angola pede tolerância zero à mutilação genital feminina 

     Política              
  • Luanda • Quinta, 04 Julho de 2024 | 16h17
Reunião plenária da Assembleia Nacional
Reunião plenária da Assembleia Nacional
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Luanda - A deputada angolana Luísa Damião defendeu esta quinta-feira, em Luanda, tolerância zero à mutilação genital feminina com a apresentação de iniciativas legislativas e o incremento de campanhas de educação e sensibilização nas comunidades.

Ao falar a propósito da apreciação do relatório do comité permanente de desenvolvimento humano e social e programas especiais do Fórum Parlamentar da SADC (FP-SADC), indicou que tal pressuposto deve envolver também os órgãos de comunicação social e parceiros sociais. 

"Preocupa-nos a mutilação genital feminina que constitui uma violação flagrante dos direitos humanos fundamentais", disse a fonte, considerando a prática  como uma forma de violência baseada no género.

A parlamentar reconheceu que a mesma causa danos marcantes à saúde, bem como a integridade física, psicológica, sexual e vital das mulheres. 

"Esta prática é nociva à saúde sexual e reprodutiva e uma violação da ética médica", ressaltou.

Entende que para se acabar com a mutilação genital feminina é necessário atacar as causas profundas da desigualdade de género e trabalhar em prol do empoderamento social e económico das mulheres.

Informou que, como forma de prevenção, a Angola criminaliza esta prática à luz do seu Código Penal. 

Luísa Damião referiu-se igualmente sobre os mecanismos de monitoria para denunciar estas práticas nocivas que configuram uma manifestação extrema das desigualdades entre géneros, que deve ser combatida.

O objectivo, segundo a fonte, é sensibilizar a sociedade civil para a sua erradicação, que lesa a saúde física e psicológica de várias mulheres e meninas à volta do mundo.

Erradicação do fenómeno 

Estima-se que 230 milhões de raparigas e mulheres em todo o mundo tinham sido submetidas à Mutilação Genital Feminina (MGF) e, de acordo com uma investigação conduzida pela Equality Now, a MGF foi registada em 92 países.

Embora a prevalência da MGF tenha diminuído entre as raparigas adolescentes em alguns países africanos, o número total de mulheres e raparigas afectadas aumentou de 140 milhões para 144 milhões devido ao crescimento populacional.

Em países como a Somália, Mali,  Gâmbia, Guiné e Senegal, os progressos na redução da prevalência da MGF estagnaram nos últimos 30 anos. 

A MGF foi associada a outras violações, como o casamento infantil, a gravidez na adolescência e a violação de crianças.

Na Tanzânia, por exemplo, onde a MGF foi criminalizada em 1998, a prevalência diminuiu de 18% para 8%, com o aumento da participação em ritos de passagem alternativos e um melhor tratamento dos casos pelas autoridades policiais. 

A Lei Modelo da SADC sobre Violência Baseada no Género foi apontada como um quadro normativo progressivo que definiu e categorizou a MGF como violência baseada no género e obrigou os Estados membros da SADC a preveni-la. 

Contudo, notou-se que os dados limitados sobre a MGF na África Austral, particularmente entre as comunidades minoritárias e migrantes, deixaram uma lacuna que afectou negativamente as iniciativas.

A 55.ª Assembleia Plenária do FP-SADC aprovou a Moção sobre o relatório do comité permanente de desenvolvimento humano e social e programas especiais, na sequência da sua reunião estatutária realizada sob o lema "Acelerar a Agenda 2040 da UA para as crianças: Reforçar o envolvimento parlamentar para a legislação e Políticas Centradas na Criança". DC/VIC





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