Rio de Janeiro (do enviado especial) – Angola projecta a criação de uma indústria farmacêutica, sendo que, para o efeito, a ministra da saúde, Sílvia Lutucuta, viaja no princípio de Dezembro ao Brasil para uma visita exploratória e de aproximação.
A informação foi prestada à imprensa esta terça-feira, no Rio de Janeiro, pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, na sequência da audiência concedida, segunda-feira, pelo Presidente da República, João Lourenço, a representantes da maior empresa de produção de medicamentos da América Latina.
A audiência presidencial decorreu à margem da participação do Chefe de Estado angolano na 19ª Cúpula do G20, de 18 a 19 de Novembro, a convite do Brasil, que cessou hoje o seu mandato a frente do Grupo.
Na sequência da visita da delegação angolana ao país sul-americano desloca-se a Angola, em Fevereiro, uma comitiva da empresa brasileira, presente no Brasil e noutros países, já com um estudo detalhado, de modo a serem tomadas outras decisões para provável efectivação do projecto, afirmou José de Lima Massano.
O governante frisou que dos encontros do Presidente da República com a classe empresarial da Alta Finança o tema farmacêutico foi o que mais preocupou.
“Temos este grupo brasileiro com esta vontade e com as referências muito concretas da nossa realidade, pelo que gera-se aqui uma forte expectativa de podermos ter este grupo a investir no nosso país”, adiantou.
Ainda do ponto de vista bilateral, acrescentou que foi uma missão diplomática “com resultados muito interessantes”, visto que os Chefes de Estado angolano, João Lourenço e o homólogo brasileiro, Lula da Silva, no essencial, reiteraram o compromisso dos dois países fazerem esta caminhada pelo desenvolvimento e pela inclusão social.
Deste encontro, resultou também a decisão de, no início de Dezembro, chegar a Luanda uma missão ministerial de cerca de 30 empresários brasileiros do segmento do alto negócio de forma transversal, não apenas na produção, mas também de tecnologia, de conhecimento, de toda a componente, incluindo a logística do agronegócio, anunciou.
“Também no sector da energia deveremos ter, no início do próximo ano, uma delegação empresarial, para explorar oportunidades de negócios neste domínio, para além de que, ficou expresso o desejo do Banco de Desenvolvimento Económico Social do Brasil poder voltar a apoiar iniciativas no nosso país”, frisou.
Em relação a participação de Angola no G20,
José Massano referiu serem notas significativas numa plataforma tão importante, onde estão nações de referência do mundo e Angola teve a oportunidade de expressar a sua opinião e ser parte deste movimento para encontrar-se as melhores soluções para diversos assuntos que afectam o planeta.
Em relação a agenda da cimeira, disse que se falou de temas geralmente muito próximos ao da plano de Angola como o combate à fome e à pobreza “uma das prioridades absolutas” para o país.
Na presidência brasileira, Angola teve o privilégio de ser parte como convidado permanente, tendo estado presente em cerca de 140 reuniões de variados temas a nível técnico e ministerial.
Destacou também o tema sobre a governação das instituições multilaterais, recordando o facto de, muito recentemente, o Presidente João Lourenço, na Assembleia Geral das Nações Unidas, ter afirmado que a ONU hoje já não reflecte a dinâmica dos estados do ponto de vista global.
“Por fim, um tema que também nos é muito claro e a transição energética, sobretudo dos países africanos, face ao nosso posicionamento, em que temos que fazer este percurso de protecção do planeta”, assinalou o ministro.
Por outro lado, realçou que se deve também permitir que as nações possuidoras dos recursos naturais possam continuar a fazer uma exploração que seja amiga do ambiente, mas que ajude também o desenvolvimento dos próprios países.
“Não se quer uma transição brusca. Ela tem que ir ocorrendo, respeitando também as agendas de cada um dos países, particularmente dos menos desenvolvidos por serem aqueles que menos poluem”, afirmou.
Angola participou na Cúpula das indústrias mais avançadas mundo com uma delegação chefiada pelo Presidente da República, João Lourenço, integrada pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, pelo Ministro das Relações Exteriores, entre individualidades. ADR/ART