Havana (Dos enviados especiais ) - Angola estabeleceu como uma das prioridades o investimento na ciência, tecnologia e inovação, como estratégia para enfrentar os desafios da diversificação e crescimento económico, informou, esta sexta-feira, em Havana, o chefe de Estado, João Lourenço.
O estadista, que discursava no debate geral da Cimeira do Grupo dos 77+China, afirmou que o país estabeleceu, igualmente, como prioritário, o aumento da produtividade, da competitividade global e das transições digital e energética, no âmbito de políticas e programas voltados para a melhoria da qualidade de vida dos angolanos.
Nesta perspectiva, fez saber que o sector da ciência, tecnologias de informação e comunicação encontra-se num processo de crescimento e expansão.
Como exemplo, ressaltou a construção e colocação, pela Federação da Rússia, em órbita o satélite de comunicações Angosat-2.
“Estamos a expandir a rede nacional de banda larga e de televisão digital terrestre e integramos o consórcio de cabo submarino de fibra óptica internacional 2-África”, acrescentou.
Nestas iniciativas de grande alcance estratégico, prosseguiu, o Executivo angolano promoveu o acesso e a participação de jovens, principalmente de raparigas, na educação, formação, ciência e tecnologia.
Adiantou que está tendência está relacionada não só pela relevância do seu contributo na comunidade científica nacional, mas também pelo compromisso da igualdade e do empoderamento do género.
Defendeu que é essencial colocar ênfase no papel actuante e activo do G-77+China na criação de uma visão equilibrada sobre os factos políticos contemporâneos geradores de tensões, como o conflito no Leste da Europa.
Disse que em relação a este caso os membros do G-77+ China não se podem mostrar indiferentes, por se tornar imperativo a necessidade do respeito da Carta das Nações Unidas e das normas do Direito Internacional.
Conflitos em África
Neste particular, o Presidente João Lourenço lamentou o facto de no continente africano assistir-se, com bastante preocupação, o alastrar do terrorismo e do ressurgimento de golpes de Estado perpetrados por militares, com a condenação da União Africana (UA) e da comunidade internacional no geral.
“É importante que essa mesma comunidade internacional não dê sinais ambíguos face à tomada do poder por meios inconstitucionais, devendo abster-se de atitudes e comportamentos que desautorizem as organizações regionais e continentais e que possam ser interpretadas como de encorajamento aos golpistas”, defendeu João Lourenço.
Referiu que os desafios e progressos alcançados desde a adopção da "Carta de Argel, importante documento que delineou a visão do Grupo dos 77, continua defender os interesses dos países em desenvolvimento.
Manifestou a esperança de que a coligação consiga, ao seu nível, permanecer activamente comprometidos com as aspirações da criação da organização, trabalhando dentro dos princípios de unidade, complementaridade, cooperação e solidariedade.
Embargo contra Cuba
Neste particular, apelou aos países membros, reunidos em Havana, numa só voz, a defenderem a necessidade do fim imediato do embargo contra Cuba.
Nesta conformidade, João Lourenço considerou o embargo, contra o povo cubano, injusto, desumano, contrário aos princípios do comércio e cooperação internacional, do direito inalienável da auto-determinação e da livre escolha.
Cuba preside, pela primeira vez, o grupo G77+China que reúne países em desenvolvimento e 134 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
O G-77+China foi criado em 15 de Junho de 1964 por 77 países em desenvolvimento e é o maior e mais diversificado grupo na arena multilateral, com 134 Estados Membros, entre os quais Angola, representando dois terços dos membros do sistema das Nações Unidas e 80 por cento da população mundial.
O grupo tem como finalidade promover os interesses económicos colectivos dos seus membros e melhorar a sua capacidade de negociação multilateral no âmbito do Sistema das Nações Unidas. AFL/VIC/VM