Luanda – O ministro das Relações Exteriores, Téte António, afirmou, esta quarta-feira, em Luanda, que Angola e a Rússia vão aprimorar os mecanismos de cooperação, identificando novas áreas, no quadro das relações bilaterais.
Téte António, que falava durante um encontro com o homólogo russo, Sergey Lavrov, que se encontra em Angola desde terça-feira, apontou, entre outras, as áreas da agricultura, indústria transformadora e agro-indústria como algumas das prioridades para o crescimento do país.
Segundo o ministro, os dois países estão conectados por relações tradicionalmente amigáveis, uma garantia para um diálogo franco, de amigos sobre as relações bilaterais e o interesse comum.
O governante angolano disse tratar-se de uma oportunidade para se analisar as perspectivas de cooperação, incluindo a realização da reunião da comissão inter-governamental a ter lugar, em princípio, em Luanda.
“Angola privilegia o diálogo inclusivo, os compromissos políticos assentes dos interesses nacionais, o restabelecimento constitucional (…) respeitando sempre o princípio da não ingerência”, disse o chefe da diplomacia angolana.
Adiantou que o Estado angolano defende a via negocial como solução, mutuamente aceite, para o fim dos conflitos no mundo, primando pelo respeito do direito internacional.
Segundo Téte António, o governo angolano manifesta-se preocupado com as baixas humanas nos diferentes conflitos, bem como a destruição de infra-estruturas.
O ministro adiantou que Angola encoraja a Rússia a dar uma “chance” no conflito com a Ucrânia, estabelecendo um cessar-fogo que possa restabelecer um clima de paz mundial.
Por seu turno, o ministro russo, Sergey Lavrov, afirmou que as relações com Angola baseiam-se no espírito de solidariedade e de uma parceria estratégica.
Sergey Lavrov informou que o governo russo aprecia as posições equilibradas angolanas nas Nações Unidas, concretamente as ligadas ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
O governante russo avançou ainda as razões que estão na base do conflito, afirmando tratar-se de uma questão de defesa da integridade territorial e das populações residentes nas regiões fronteiriças.
“Para proteger a vida das pessoas e a sua própria segurança, a Rússia foi obrigada a intervir militarmente”, reforçou.
Angola e a Rússia têm relações privilegiadas desde 8 de Outubro de 1976, data em que foi assinado, em Moscovo, na altura capital da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o Tratado de Amizade e Cooperação.
A 16 de Novembro de 2004, os dois países rubricam, em Luanda, um acordo para o relançamento da cooperação nos domínios económico e técnico-científico e, no dia seguinte, criaram a comissão intergovernamental de cooperação económica, técnico-científica e comercial.
Actualmente, a cooperação é mais significativa nos sectores da energia, geologia e minas, ensino superior, formação de quadros, defesa e segurança, telecomunicações e tecnologias de informação, pescas, transportes, finanças e banca.
Por esta altura, estima-se estarem a viver em Angola pelo menos mil russos, enquanto mil 500 angolanos residem na Rússia.