Luanda – Um memorando de entendimento na área digital será assinado, esta sexta-feira, em Luanda, entre os Governos de Angola e da Estónia, inserido na visita oficial que o Presidente deste país, Alar Karis, efectua a Angola de 7 a 8 deste mês.
O facto foi anunciado à imprensa pelo Presidente João Lourenço, depois de um encontro entre os dois chefes de Estado.
Em declarações à imprensa, o Presidente da República informou que o memorando de entendimento incidirá na área da governação electrónica, sendo intenção das duas partes, identificarem outras áreas de cooperação que sejam de interesse comum para o desenvolvimento.
Referiu que a a visita do Presidente da República da Estónia, acompanhado de uma importante delegação, visa estreitar os laços de amizade e de cooperação entre os dois países.
O Chefe de Estado acredita que o potencial de cooperação entre os dois países é grande, lembrando que a Estónia é um país que, depois que entrou para a União Europeia, deu saltos significativos e destacou-se em muitos domínios, entre os quais o da governação eletrónica, do qual Angola quer tirar o máximo de proveito.
Desejou ao Presidente Alar Karis e à sua delegação votos de boa estadia enquanto estiverem em Angola e reafirmou a intenção e o desejo de ver os dois países cada vez mais próximos, a julgar pela identidade e do ponto de vista com relação a um conjunto de assuntos, sobretudo da arena internacional.
Por sua vez o Chefe de Estado da Estónia, Alar Karis, começou por agradecer pela recepção naquela que é a sua primeira viagem a um país de África na qualidade de Presidente da Estónia, tendo felicitado João Lourenço que a cinco de Março celebrou o seu 70° aniversário (a 5 de Março).
Alar Karis destacou o facto de os dois países partilharem muita coisa em comum que os torna idênticos, como a dependência do oceano - Angola banhada pelo Oceano Altântico abundante em recursos marinhos e petróleo, que é uma fonte importante de economia, e a Estónia pelo mar báltico que é uma porta de saída para o comércio internacional para a Europa.
Contextualizou a visita realizada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, em Abril de 2023, em que foi assinado um memorando de entendimento que visava a partilha de experiência na área digital.
A visita, disse, do ministro abriu portas para a reabertura do consulado da Estónia em Angola, em Agosto de 2023, lembrando que no próximo domingo o seu país estará a celebrar 27 anos da relação de cooperação e o próximo passo será a solidificação da profícua parceria entre os dois estados que se concretiza com a sua visita.
Reforçou que o objectivo da sua visita é de mostrar o desejo de continuar a trabalhar de forma firme para o reforço da cooperação, pois para si, a comunicação, apesar de distanciados de forma geográfica, é um passo importante porque permite o conhecimento mútuo, o reforço do laços para se trabalhar de forma coordenada.
O Presidente estónio trouxe a Angola empresários na área digital com o objectivo de partilhar conhecimentos e perícia nessas matéria.
Disse que desde a independência da Estónia a digitalização ajudou-os a desenvolver e reforçar a economia e também permitiu a criação de empregos, assim como a criação de parcerias público-privadas, incluíndo com vários países africanos.
Convidou as autoridades angolanas a aproveitarem esta oportunidade de aprender sobre esse processo de digitalização da Estónia e manifestou predisposição em aprender com Angola.
Lembrou as boas interacções que manteve com o Chefe de Estado angolano, em Setembro de 2023, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas onde abordaram a questão dos desafios de segurança em África e no mundo.
Neste quesito disse que os interesses são muito similares, porque se pautam pela paz, por isso a Estónia se pauta pela paz e segurança na Ucrânia.
Afirmou que reconhece e preza o papel do Presidente João Lourenço na qualidade de Campeão para Paz e Reconciliação em África, assim como a realização do fórum panafricano para a cultura de paz por si liderado.
Frisou que os desafios de segurança regional estão na agenda e são coisas que preocupam, assim como as várias crises pelo mundo tais como Ucrânia, Gaza, Sudão e RDC só para citar alguns, por isso considera estar bastante claro que a cooperação internacional é muito necessária para o alcance da paz mundo.
Neste sentido considera ser importante trabalhar-se juntos com todos os parceiros com que se tenha identidade de opiniões nestes momentos de crise, pois esta cooperação torna todos mais fortes e permite a todos alcançar o objectivo comum que é a paz global.
A União Europeia, prossegiu, é e sempre tem sido um dos parceiros confiáveis no cumprimento das suas promessas, por isso o objectivo do espaço de cooperação África-União Europeia é a criação de uma agenda de solidareidade, segurança, paz e desevolvimento sustentável e respeito mútuo, do qual a Estónia faz parte e tem feito a sua parte para o alcance desse desiderato.
Têm discutido também a situação da segurança e paz a nível da Europa, e como a guerra da Rússia e Ucrânia está a afectar todo o mundo, desestabilizando os preços de alimentos e energia, tendo apelado ao Presidente Joãop Lourenço, para participar nas discussões do plano de paz do Presidente Zelensky, pois considera que Angola tem grandes conhecimentos em matéria de construção de paz, que acredita que poderá ser de grande valia.
A Estónia candidatou-se para o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas para o mandato 2026-2028, pelo que manifestou o seu agradecimento pelo apoio prestado por Angola.
Defendeu a protecção dos direitos das crianças como prioridade, pois, ao mesmo tempo, protegem os direitos de toda humanidade, e elogiou os esforços de Angola no sentido de proteger os direitos das crianças em situação de conflito, pelos quais a Estónia também se pauta.
Angola e a Estónia estabeleceram relações de cooperação bilateral em 1991, após o desmembramento da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no ano em que este país da Europa proclamou a sua independência.
A Estónia é um pequeno país do Báltico com uma população de apenas 1,3 milhões de habitantes. Apesar das suas dimensões modestas, é frequentemente citado como um exemplo de liderança em governação digital. PA/VIC/ADR
