Luanda - Angola e o Brasil trabalham na preparação de um acordo de cooperação nos domínios técnico, académico, científico e cultural entre a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e o Ministério angolano da Cultura e Turismo, cuja implementação deverá acontecer ainda na gestão do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Para o efeito, chegou a Luanda, na manhã deste domingo, uma delegação de peritos da UNESP, chefiada pelo antropólogo e docente brasileiro, Dagoberto Fonseca, que, durante cinco dias, vai trabalhar com quadros do Arquivo Nacional e do Instituto de Fomento Turístico de Angola.
Em declarações à ANGOP no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, Dagoberto Fonseca disse que as equipas vão dedicar-se, entre outros aspectos, ao fomento do turismo de memória e investigação a partir dos cruzeiros marítimos transatlânticos entre os dois países.
“Durante a nossa visita, vamos concluir o acordo de Cooperação entre a UNESP (Brasil) e instituições angolanas (Arquivo Nacional e Instituto de Fomento Turístico), a fim de digitalizar todos os documentos do tráfico transatlântico e trabalhar no fomento do turismo de memória e investigação”, revelou.
Dagoberto Fonseca é o coordenador científico do Núcleo Negro da UNESP para a Pesquisa e Extensão (NUPE) e autor do Programa “Reconhecer, Reparar, Religar para Seguir: memória e história dos nossos – mundo Atlântico e em terra firme”, que envolve diversos ministérios no Brasil e o Ministério da Cultura e do Turismo, em Angola.
Entre os seus trabalhos se destacam vários livros da literatura infanto-juvenil, poemas, obras científicas e artigos dispersos, publicados no Brasil e em países como Angola, Moçambique, França, Portugal e México, onde desenvolve, como escritor, temas ligados à “Negritude” e à luta antirracista.
Durante a sua permanência em Luanda, Dagoberto Fonseca vai apresentar três obras de sua autoria e aproveitar para estreitar laços com académicos e escritores angolanos.
De entre os seus trabalhos mais conhecidos destacam-se as obras “A Vovó Naná vai à Escola”, “Políticas públicas e acções afirmativas”, “Você conhece aquela?”, "As Mentiras do Ocidente", “Mulher negra e ancestralidade” e “Racismos”, esses três últimos da Colecção África Presente.
“Voltar à minha segunda pátria é fazer com que a unidade entre os nossos países seja sempre renovada, não pela vontade dos nossos políticos, mas sim pelos nossos povos que têm raízes profundas aqui e que germinaram no Brasil. Temos que reparar o passado em prol de um novo futuro de dois países irmãos”, concluiu o académico. IA/SC