São Vicente (Da enviada especial) -A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, disse esta quarta-feira, em Mindelo (Cabo Verde), que a elevada ameaça dos sistemas alimentares representa uma das preocupações globais da agenda colectiva e exige soluções inovadoras para a salvaguarda da produção alimentar.
Discursando na abertura do primeiro congresso internacional, disse que as soluções inovadoras devem contrariar as projecções que revelam uma maior carência de produção alimentar, na ordem de 50 a 60 por cento em 2050.
Acrescentou que as estimativas percentuais, 2020-2029, indicam um crescimento global da produção agrícola de 85 por cento, em virtude de um maior uso de insumos, investimentos em tecnologia de produção e melhores práticas de cultivo.
As projecções, prosseguiu, indicam também um aumento de emissões directas e em consequência um elevado impacto nas regiões emergentes e de menor desenvolvimento.
Esperança da Costa sublinhou que estes dados sugerem o fortalecimento da ciência, da inovação e, sobretudo, do aumento da literacia nos diferentes domínios da vida, com realce para a transformação dos sistemas alimentares, a transição digital, ambiental e energética, para contrariar estas tendências.
"O capital humano é, a par da transição digital, a chave para o desenvolvimento. Urge, em função disso, cooperar, integrar e estabelecer parcerias em matéria de formação e de capacitação nas mais distintas áreas do subsistema do ensino superior", reforçou.
Fez saber que Angola conta com um Plano de Desenvolvimento do Capital Humano 2022 -2035 (ACH 2022-2035), que garantirá a orientação política e técnica de acordo com as prioridades de desenvolvimento do país, incluindo um efectivo ajustamento da oferta formativa e adequação das qualificações às necessidades do mercado de trabalho nacional.
Segundo Esperança da Costa, os Estados devem estar alinhados com os instrumentos internacionais, como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento das Nações Unidas, 2063 da União Africana e 2050 da SADC, numa perspectiva de curto, médio e longo prazo, tendo em atenção a formação profissional, aumento da qualidade e relevância da oferta educativa e formativa, suportadas pela componente da digitalização.
Frisou que pretende-se, deste modo, aumentar a disponibilidade de recursos humanos qualificados em áreas prioritárias e segundo as reais necessidades do mercado de trabalho com o desenvolvimento de conhecimentos e competências necessárias ao sector público e privado.
O Congresso, entre conferências e mesas redondas, vai abordar “Os Caminhos para uma investigação científica de qualidade na Lusofonia, promovendo o diálogo entre as universidades, o poder político e as empresas”, bem como a “Ciência, tecnologia e inovação nos países lusófonos: desafios e oportunidades no século XXI”.
O evento é destinado a investigadores, académicos, decisores, estudantes universitários e pós-graduados de todos os países lusófonos, que actuam nos seus países ou na diáspora.
Angola, do total de 150 investigadores ao evento, tem uma participação activa de 46 prelectores das mais diversas áreas da ciência e inovação, dos quais dez apresentam as prelecções no formato presencial. PA/VM