Luanda – Angola defendeu, esta quinta-feira, em Livingstone (Zâmbia), a formação de jovens empresários sobre os benefícios e mecanismos da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) para o acesso a novos mercados e expansão da base de clientes.
Segundo a deputada Ruth Mendes, presidente da Comissão Permanente de Comércio, Indústria, Finanças e Investimento do Fórum Parlamentar da SADC, os programas de reforço de capacidades e de formação abrangentes que dotam os jovens empresários de competências em áreas como planeamento de negócios, gestão financeira, marketing digital e procedimentos de exportação são uma necessidade para o aproveitamento das transformações digitais.
Ruth Mendes, que falava na sessão plenária da 56ª Assembleia do Fórum, adiantou que a racionalização do ambiente regulamentar, como a simplificação dos processos de registo das empresas e a redução dos obstáculos burocráticos, incentiva mais jovens a criar e desenvolver as suas empresas.
Para a deputada, a mentoria e a incubação ajudam a criar programas de mentoria e incubadoras de empresas que proporcionam aos jovens empresários acesso a líderes experientes no sector, bem como orientação prática e recursos.
Em relação à transformação digital nos sectores do comércio e das finanças, considerou que o financiamento digital do comércio detém um enorme potencial para fazer face aos desafios enfrentados no comércio tradicional.
“Ao tirar partido de tecnologias inovadoras, como a cadeia de blocos (também conhecida pela expressão blockchain), a inteligência artificial e a computação em nuvem, as soluções de financiamento do comércio digital podem simplificar os processos, aumentar a transparência e melhorar o acesso ao financiamento de empresas de todas as dimensões”, disse.
Esses avanços, acrescentou, podem ajudar a colmatar as lacunas no financiamento do comércio, facilitar as transacções transfronteiriças e promover uma maior eficiência e inclusão no ecossistema do comércio mundial.
Adiantou que a importância do comércio digital reside no facto de gerar o empoderamento económico e o acesso a plataformas digitais que permitem a participação da mulher e da juventude no comércio electrónico e nas trocas comerciais regionais.
Conforme Ruth Mendes, o comércio digital fomenta o crescimento das PME e as ferramentas, visto que os processos digitalizados permitem o acesso das empresas rurais a mercados mais amplos, a redução dos custos das transacções e a melhoria da produtividade.
“A digitalização facilita a criação de empregos através do desenvolvimento de competências digitais. O espaço digital pode desbloquear oportunidades em sectores baseados na tecnologia, promovendo o emprego dos jovens”, disse.
Apelou os Estados-membros a criar um ambiente que favoreça a beneficiação de minerais críticos, para criar empregos, sobretudo para os jovens, e proporcionar cadeias de valor, bem como a defenderem uma Lei Modelo sobre as parcerias público-privadas (PPP), a fim de facilitar uma negociação aprofundada com o sector privado.
Na sua óptica, deve-se, igualmente, submeter a debate no Parlamento os projectos de PPP antes da assinatura dos contratos. “ É necessário que haja uma linha de demarcação clara entre as PPP e a dívida contraída durante as despesas públicas em projectos”, disse.
Ruth Mendes exortou ainda os Estados-membros a organizarem programas de reforço de capacidades para os jovens, para além da educação formal, a fim de garantir a inclusão dos jovens em sectores-chave que impulsionam as agendas da juventude nas plataformas nacionais e regionais.
Adiantou que os Estados-membros devem, também, impulsionar o sector agrícola para reforçar o comércio e criar suficiência económica, apresentarem estratégias de recuperação das perdas de emprego criadas pela pandemia de covid-19, defenderem um maior financiamento da saúde que facilitará a adopção da cobertura universal dos cuidados de saúde, aumentando assim o investimento em questões de SDSR e harmonizarem a legislação em vigor com a Lei Modelo da SADC sobre a Gestão das Finanças Públicas.
Para a deputada, estas acções vão ajudar a criar uma plataforma para a partilha de informações com o Executivo, sobretudo no que diz respeito à gestão da dívida e eliminar as barreiras que dificultam o comércio no seio da região.
“Os Estados-membros devem, igualmente, adoptar medidas visando reanimar o comércio na região, especialmente através da melhoria dos transportes e da conectividade ferroviária”, defendeu. SC