Luanda - Angola defendeu esta segunda-feira, em Nova Iorque, o fim imediato da intervenção militar de Israel na Faixa de Gaza, um cessar-fogo duradouro, libertação incondicional dos reféns e o acesso irrestrito à ajuda humanitária aos deslocados.
De acordo com uma nota de imprensa enviada à ANGOP, o posicionamento foi expresso pelo representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco José da Cruz, na 10ª Sessão Especial de Emergência sobre “Acções Ilegais de Israel em Jerusalém Oriental Ocupada e no Resto do Território Palestino Ocupado”.
Durante a sua intervenção, considerou que embora Israel tenha o direito de se defender e proteger os seus cidadãos, a sua reacção desproporcional na Faixa de Gaza já causou mais de 35 mil mortes, 78 mil feridos e 1,7 milhões de deslocados, ou seja, 75 por cento da população.
Disse que estes números estão a aumentar rapidamente, à medida que Israel avança com os seus planos de invasão terrestre em Rafah.
“Condenamos, mais uma vez, o terrorismo em todas as suas formas e manifestações, independentemente das suas motivações ou intervenientes”, enfatizou.
O diplomata lembrou que Angola co-patrocinou e votou a favor do projecto de resolução intitulado “Admissão de novos membros às Nações Unidas” para expandir os direitos e privilégios da Palestina como “Estado Observador Permanente não-membro” da ONU.
Segundo o diplomata angolano a votação reflectiu o apoio esmagador à adesão plena da Palestina à ONU.
Neste contexto, referiu que Angola reafirma o direito do povo Palestino à auto-determinação, incluindo o direito a ter um Estado independente e apela ao Conselho de Segurança para que reconsidere, de forma favorável, a questão da admissão da Palestina como membro de pleno direito da ONU.
Para Francisco José da Cruz a crise na Faixa de Gaza representa um sério risco de se propagar e de se transformar num conflito regional com consequências imprevisíveis e implicações perigosas para a paz e a segurança internacionais.
“Todas as partes devem exercer moderação e respeitar as normas do direito internacional e reconhecer que a única forma viável de alcançar uma paz duradoura na Palestina é através do diálogo e da resolução pacífica de litígios”, ressaltou.
O diplomata realçou que o papel da ONU continua a ser fundamental na procura de soluções universais baseadas nos princípios da sua Carta, que mandata os seus Estados-membros a manterem a paz e a segurança internacionais, defenderem o direito internacional, colaborarem na resolução de problemas internacionais e melhorarem o respeito pelos direitos humanos.
Salientou que o conflito israelo-palestiniano é mais um teste ao multilateralismo como mecanismo para resolver os intrincados desafios internacionais que “enfrentamos hoje, e demonstra a necessidade urgente de reformar o sistema da ONU, especialmente o seu Conselho de Segurança, para o tornar eficaz, representativo e inclusivo”.
Citando o presidente angolano, João Lourenço, aquando da cerimónia de cumprimentos de ano novo ao Corpo Diplomático, referiu que “as Nações Unidas, nomeadamente o seu Conselho de Segurança, devem tomar medidas concretas para implementar as suas próprias resoluções, que reflectem a vontade expressada pela esmagadora maioria dos seus Estados-membros, através da criação do Estado independente e soberano da Palestina”.
Nesta óptica, frisou, esta é a única forma de pôr fim definitivo a este conflito antigo e muito violento, colocando os dois povos e os dois Estados de Israel e da Palestina vivendo lado a lado, em paz e harmonia, cooperando de forma normal, como deveria acontecer entre países vizinhos que compartilham fronteiras comuns”. FMA/VIC