Beijing (Da enviada especial) - Angola e China darão, este fim-de-semana, mais um passo rumo à consolidação da cooperação bilateral, no quadro da visita de Estado do Presidente João Lourenço a este país.
O Chefe de Estado angolano realiza uma missão de três dias às terras do "gigante asiático", com foco no aprofundamento das relações económicas e empresariais, que se pretendem mais "vibrantes".
Com esta visita, os dois países terão a chance de avaliar a eficácia dos acordos existentes e projectar novas áreas de investimento, envolvendo, sobretudo, o sector privado.
Durante os três dias de visita, o ponto mais alto será um encontro com o Presidente Xi Jinping, no primeiro dia, para abordar a estratégia futura das relações bilaterais.
Do vasto programa que João Lourenço cumprirá em terras chinesas consta ainda a participação num fórum de negócios, em que o tema investimento em Angola estará no centro dos debates.
Com um stock avaliado em 18.410,2 milhões de dólares, correspondente a 37,27% do total da dívida pública externa de Angola (avaliada em cerca de 49.387,7 milhões de dólares até ao terceiro trimestre de 2023), a China segue como maior credor de Angola, apesar dos esforços do Governo para reduzir a dívida.
A visita de João Lourenço à República Popular da China constitui uma nova janela para a atracção de novos investidores chineses, que podem aproveitar a melhoria do ambiente de negócios, em Angola, para diversificar os seus investimentos.
Espera-se, com essa missão de Estado, que os dois países encontrem plataformas de entendimento ajustadas à realidade dos respectivos povos, capazes de proporcionar vantagens mútuas e diversificar a cooperação existente.
Actualmente, as relações de cooperação entre os dois países têm o seu quadro jurídico assente num Acordo Geral que opera nos mais variados domínios da vida económica e social, com forte presença nas áreas de formação de quadros, no caso da construção e apetrechamento do Centro Integrado de Formação Tecnológica e da Academia Diplomática Venâncio de Moura, assimo como bolsas de estudo para os jovens angolanos.
Angola e China são parceiros estratégicos, com relações político-diplomáticas e de cooperação que conhecem um assinalável incremento desde 2000, propiciando a assinatura de vários instrumentos jurídicos nos domínios social, comercial e empresarial.
Desde 2007, Angola é o maior parceiro comercial da China em África, com um volume de negócios que registou, só em 2010, um total de 24,8 mil milhões de dólares norte-americanos.
Em 2017, o valor das trocas comerciais com o gigante asiático ascendeu, no primeiro trimestre, para 61,32 por cento, ou seja, para 5,55 mil milhões de dólares norte-americanos.
No final de 2018, a China aprovou uma nova linha de financiamento de dois mil milhões de dólares norte-americanos.
Angola recuperou, em 2022, a posição de segundo maior parceiro da China em África, perdida em 2020, e o volume comercial entre os dois países foi de mais de 22 mil milhões de dólares norte-americanos, de Janeiro a Novembro de 2022.
Este volume representa um aumento acima de 26 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Embaixador da China em Angola.
A Missão Diplomática chinesa ressalta que, em 2022, as exportações angolanas para a China foram mais diversificadas em relação aos anos anteriores, porque, para além do petróleo, Angola exportou café, frutas, minerais metálicos e rochas ornamentais.
Segundo dados disponíveis, as empresas chinesas construíram em Angola por volta de três mil quilómetros de caminho-de-ferro, 20 mil de estrada, 100 mil fogos de habitação social, 100 escolas, 50 hospitais, e muito mais.
As obras concluídas e ainda em execução incluem a Barragem de Caculo Cabaça, o Novo Aeroporto Internacional de Luanda, as centralidades do Kilamba e do Dundo, o Caminho-de-Ferro de Benguela, a Central Térmica do Soyo, entre outros.
A China tem apoiado activamente o desenvolvimento de Angola e fornecido assistência através de vários projectos de doação, tais como o CINFOTEC Huambo, o Hospital Geral de Luanda, o Centro de Demonstração de Tecnologias Agrícolas no Mazozo e a Academia Diplomática Venâncio de Moura”.
A China organizou formações para mais de três mil funcionários angolanos nos campos do comércio, da agricultura, saúde, comunicação social e polícia, enviou cinco equipas médicas, compostas por 70 médicos, que receberam quase 400 mil pacientes angolanos, forneceu centenas de bolsas de estudo para angolanos, e ajudou a formar talentos em várias indústrias. FMA/VIC