Luanda - Angola apelou, sexta-feira, a todas as forças negativas no leste da República Democrática do Congo (RDC), incluindo o M23, para que implementem plenamente os compromissos de paz visando a cessação de todas as hostilidades no terreno.
"O posicionamento foi expresso pelo Conselheiro Militar da Missão Permanente de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, Coronel José Filomeno da Fonseca, que falava na Reunião do Comité de Sanções 1533 do Conselho de Segurança sobre a República Democrática do Congo, em nome do representante permanente embaixador Francisco José da Cruz.
Na ocasião, o diplomata referiu que, "na sua qualidade de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África e actual Presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (ICGRL), o Presidente de Angola, João Lourenço, tem desenvolvido vários esforços diplomáticos para aliviar a tensão política entre a RDC e o Rwanda*.
Essas iniciativas, disse, visam incentivar o diálogo ao mais alto nível e restabelecer um ambiente de confiança entre ambas as partes, para evitar que a actual crise política se transforme num conflito regional.
Entretanto, lamentou a retoma dos ataques em Dezembro de 2023, por parte do M23 contra as populações civis e a violação dos direitos humanos, incluindo a ocupação de várias áreas no território congolês, o que constitui uma clara violação do Processo de Luanda e Nairobi, prejudicando assim, os esforços e iniciativas diplomáticas para a paz e estabilidade na RDC.
Ao longo da sua intervenção, o coronel José Filomeno da Fonseca lembrou que o processo eleitoral na RDC foi marcado até à sua conclusão por grande ambiente tensão política e diplomática entre Kinshasa e Kigali, enquanto decorriam intensos combates no teatro operacional.
“Este ambiente prejudicou todos os esforços de facilitação e mediação desenvolvidos pelo Presidente da República, provocando o. retrocesso em todo o processo alcançado, bem como o aumento da falta de confiança entre os dois interlocutores”, ressaltou.
Não obstante a este retrocesso, informou que foram retomados os esforços de mediação, na sequência das visitas a Luanda do Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, e do Rwanda,,Paul Kagame, em Fevereiro e Março de 2024, respectivamente, no âmbito das quais se realizou a Reunião Ministerial de 21 de Março de 2024*.
Fez saber que a segunda Reunião Ministerial deverá realizar-se no dia 30 de Julho do ano em curso, em Luanda, não tendo ocorrido antes, devido ao recrudescimento da situação no terreno, agravada com o bombardeamento do campo de refugiados de Mugunga, a 3 de Maio, assim como, as alterações nas pastas do Ministério dos Negócios Estrangeiros nos respectivos países.
Avançou que a próxima reunião Ministerial irá considerar particularmente os pressupostos para o estabelecimento de um cessar-fogo.ART