Luanda - O presidente da Associação Nacional de Deficientes de Angola (ANDA), Silva Etiambulo, destacou, esta quinta-feira, o facto de a Independência Nacional ter contribuido para uma melhor inclusão social da pessoa com deficiência.
Em declarações à ANGOP, a propósito do 47º aniversário da proclamação da Independência Nacional, a assinalar sexta-feira (11), o responsável afirmou que, desde 2004, 144 mil 319 pessoas com deficiência foram inseridas no mercado de trabalho.
Adiantou que a inclusão ocorreu por via de projectos executados com o Estado e outros parceiros da sociedade civil, tendo destacado o projecto “Vem Comigo" que contribuiu para a inserção no mercado do trabalho de, pelo menos, 80 mil cidadãos.
A primeira acção do projecto, segundo Silva Etiambulo, foi a realização de uma campanha de sensibilização aos portadores de deficiência (adquirida e natural) que mendigavam nas principais artérias da cidade de Luanda.
Sob o lema "põe a consciência acima da deficiência" milhares de cidadãos abandonaram a mendicidade e começaram a inserir-se em actividades produtivas.
Silva Etiambulo referiulu que a medida foi acompanhada com cursos profissionais, entre os quais electricidade-auto, mecânica, informática, alvenaria, pedreiro, recahutagem, culinária, bem como corte e costura.
Na sequência do projecto, prosseguiu, foram criadas cooperativas de prestação de serviços com grande incidência para a promoção de comércio precário.
O projecto "Vem Comigo" permitiu, igualmente, a constituição de cooperativas agrícolas nas províncias do Bié, Huambo, de Malanje, da Huíla, do Moxico, Bengo e de Benguela, tendo beneficiado directamente mais de 50 mil pessoas.
De acordo com o presidente da ANDA, grande parte das cooperativas foram constituídas por famílias de pessoas portadoras de deficiência.
Na ocasião, Silva Etiambulo destacou as cooperativas agrícolas, criadas no quadro do projecto, em Canacassala (Bengo) com mil e 500 hectares, bem como no município do Chinguar (Bié) com mais de 100 hectares.
As duas cooperativas distinguiram-se no cultivo de várias tonelads de milho, citrinos, mandioca, batata rena, batata doce.
O responsável sugeriu a melhoria das vias de acesso aos campos agrícolas, factor que tem impedido o normal escoamento dos produtos para os mercados.
Para Silva Etiambulo, a principal dificuldade tem a ver com a escassez de inputs agrícolas e o estado precário das vias de acesso aos projectos de cultuvo, facto que tem impedido um melhor escoamento dos produtos para os mercados.
Projecto Edificar
A par do projecto "Vem Comigo" a ANDA deu corpo à acção de apoio às pessoas vítimas de minas denominada “Edificar”, que teve como foco elevar a auto-estima desses cidadãos.
Apesar de ter tido poucos anos de execução, o projecto Edificar contribuiu para a inserção de muitos portadores de deficiência adquirida que optaram pelo empreendedorismo.
Destacou o exemplo de Paulo Jeremias que sendo vítima de mina se tornou proprietário de um restaurante no município do Viana, em Luanda.
Paulo Jeremias afirmou, à ANGOP, que com o apoio do projecto "Edificar" começou com uma pequena cozinha, tendo evoluido para um restaurante que emprega dez trabalhadores.
Criada a 1 de Fevereiro de 1992, a ANDA tem por objectivo a gestão de uma melhor qualidade de vida para as cerca de 656 mil pessoas com deficiência em Angola.