Addis Abeba (Dos enviados especiais) - A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, deplorou, domingo, em Addis Abeba, que a mulher ainda seja reconhecida apenas como cuidadora ou pilar familiar.
Ao intervir na 29.ª Assembleia Geral Ordinária das Primeiras-Damas Africanas para o Desenvolvimento (OPDAD), decorrida sábado e domingo, afirmou que se deve também reconhecer a capacidade da mulher como líder, com direito de definir seu próprio destino.
Disse que, como resultado do lançamento “com sucesso” em Angola da Campanha “Somos todos iguais”, em Agosto de 2024, sob o lema “Educação para a igualdade de género e a luta contra a violência infanto-juvenil”, reduziu a violência contra as mulheres e crianças.
Houve um aumento significativo na consciencialização dos cidadãos quanto à denúncia de casos de abuso e violência sexual contra crianças e jovens, em particular meninas, o que, consequentemente, reduziu o estigma e a discriminação”, reconheceu.
Por isso, acrescentou, Angola continua comprometida e empenhada em promover os direitos das mulheres e meninas no desenvolvimento comunitário sustentável.
"Por meio dos programas e projectos que desenvolvo com o apoio do meu Gabinete e da minha Fundação Ngana Zenza, trabalhamos para que as mulheres angolanas possam ocupar posições de liderança e tomar decisões que impactem o seu futuro”, afirmou.
Na reunião, realizada à margem da à margem da 38.ª Cimeira dos Chefes de Estados e de Governo da União Africana, encerrada domingo e que confirmou o Presidente João Lourenço como lider da organização, a oradora frisou que se estão a consolidar os resultados alcançados com a campanha Nascer Livre para Brilhar por via do projecto Geração Sem Sida Até 2030.
Igualmente, prosseguiu, está-se a mobilizar toda a sociedade para o seu engajamento no combate à violência infanto-juvenil, incentivar a prática do desporto e as habilidades artísticas dos jovens, em particular das meninas, como contribuição para um futuro inclusivo e sustentável.
“Gostaria de destacar a importância da solidariedade africana, um sentimento que nos convida a abraçar a paz como fundamento das nossas acções. A união das mulheres do continente é essencial para a criação de uma rede de apoio e de mobilização para o fim dos conflictos e busca de uma paz duradoura”, destacou Ana Dias Lourenço.
Salientou que a paz deve ser "o elo que nos conecta, fortalece e inspira a nossa luta por um amanhã harmonioso" e cheio de esperança, incentivando as mulheres a trabalhar juntas, ultrapassando as suas diferenças com paz no coração, para construir um futuro mais justo, igualitário e próspero para os seus filhos e netos.
Frisou que as mulheres ainda enfrentam desafios imensos, especialmente no contexto africano, e recordou que “as nossas avós e mães foram pioneiras, contribuindo para a construção de um legado que hoje se alicerça na nossa identidade e nos nossos valores mais profundos”.
De acordo com a Primeira-Dama, nos últimos anos, no mundo, os direitos das crianças têm sido negligenciados e em muitos casos silenciados por barbáries diversas, desde violações sexuais, mutilações e crianças esquecidas nas guerras.
Lembrou que, ao longo da história, os papeis desempenhados pelas mulheres em várias áreas como na família, na economia, na política e na preservação da cultura foram cruciais, além da luta pela justiça, liberdade e igualdade.
Destacou o facto de o encontro coincidir com o aniversário da Declaração e Plataforma de Acção de Beijing e alinha-se ao tema da União Africana para 2025, que destaca a importância de abordar questões históricas e promover a justiça para os africanos e afrodescendentes.
O documento estabeleceu uma agenda com uma série de compromissos para os governos, organizações da sociedade civil, visando promover a igualdade de género, o empoderamento feminino e a eliminação de todas as formas de discriminação, segundo a Primeira-Dama angolana.
“Recorrendo à nossa herança africana, rica em exemplos de lideranças femininas, lembramo-nos de que a liderança feminina não é apenas possível, mas essencial para o progresso. A história da nossa rainha Jinga, de Angola, que liderou com coragem e estratégia, ou das mulheres do movimento anti-colonial que lutaram pela liberdade dos nossos povos, são exemplos vivos da força e determinação das mulheres em África”, argumentou.SR/IZ