Talatona - A Primeira-Dama de Angola, Ana Dias Lourenço, ressaltou, esta quinta-feira, em Luanda, os avanços que o país tem vindo a registar no domínio da igualdade do género.
Ao discursar na palestra inaugural do I Workshop Nacional "Mulher líder na Governação Local" com o tema " Mulheres no Desenvolvimento Económico e Social", Ana Dias Lourenço disse que, pelos actuais níveis, o empoderamento feminino na governação local representa já uma vitória.
Salientou que a presença de mulheres nas esferas do poder local consiste num direito inalienável e um catalisador do progresso e do desenvolvimento sustentável do país.
À medida que mais mulheres ocupam cargos públicos de liderança, de acordo com Ana Dias Lourenço, assiste-se a uma mudança real na forma como questões sociais, económicas e ambientais são abordadas.
Isto, argumentou, por elas demonstrarem habilidades de comunicação mais eficazes, maior empatia e uma abordagem colaborativa para resolver problemas, o que representa benefícios tangíveis da sua forma de liderar.
“Convivemos durante demasiado tempo com uma realidade em que a mulher era relegada para as margens do poder político, vendo a sua voz silenciada e as suas contribuições subestimadas”, disse.
Acrescentou que, “à medida que as sociedades, em particular as africanas, evoluíram no sentido de uma maior justiça e inclusão, tornaram-se mais conscientes da necessidades de uma maior representação feminina em todas as áreas da vida social, económica e politica, nas empresas, nas organizações da sociedade civil e nos órgãos de representação e de governação central e local do Estado”.
Argumentou que tem havido no país, nos últimos anos, “uma evolução muito positiva do número de senhoras nos diferentes órgãos de representação do Estado, o que é um reflexo das mudanças sociopolíticas e legislativas que têm sido implementadas desde alguns anos”.
Para a Primeira-Dama, a presença de uma mulher no cargo de vice-presidente da República e outra de presidente da Assembleia Nacional é um marco significativo desse esforço e representa um avanço na luta pela igualdade de género, na política e na governação.
Destacou a crescente participação das mulheres nos diferentes órgãos do Estado, com a presença de uma ministra de Estado, oito ministras, cinco governadoras e 50 senhoras como administradoras municipais.
Apesar da representatividade, a Primeira-Dama considera a assumpção destes cargo como um grande desafio e uma grande responsabilidade.
No entanto, salientou a importância de se continuar a investir nas pessoas, através de uma educação de qualidade, tanto quanto no aumento de acesso à educação pré-escolar e secundária, especialmente para as meninas.
Referiu que há outros obstáculos que dificultam e impedem muitas mulheres em Angola e em toda a África de desenvolver todo o seu potencial, como a falta de recursos humanos e materiais em algumas comunidades e as diferentes formas de violência e de abuso contra a mulher, assim como o acesso limitado à educação.
Defende que ao capacitar senhoras para desempenharem funções de chefia e de liderança, além de se promover uma sociedade mais equitativa, está-se também a fortalecer as comunidades do ponto de vista da sua autonomia identitária e do desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Dai que considera ser imperativo reconhecer e valorizar o papel da liderança feminina nos órgãos locais.
A importância do capital humano
Ana Dias Lourenço defendeu o fortalecimento do capital humano angolano como estratégia para o desenvolvimento sustentável e inclusivo, tendo reafirmado a necessidade de uma força de trabalho preparada e qualificada, assim como de trabalhadores bem-educados, saudáveis e produtivos.
De acordo com a Primeira-Dama, é do conhecimento das administradoras, que o crescimento populacional do país supera o económico, o que significa que o ciclo vicioso da pobreza está a ser perpetuado, afectando as famílias, em particular as mais pobres.
Explicou que o país tem uma das mais altas taxas de fecundidade, que ronda em 6,2 por cento e a de natalidade mais alta do continente, neste contexto, apelou às administradoras presentes a colocar nos planos de acção programas e actividades que concorram para o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável.
Neste plano, de acordo com Ana Dias, deve-se prestar maior atenção às actividades que visam o aumento do acesso aos serviços de saúde, as campanhas de prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DTS), como HIV/SIDA, as direccionadas às meninas e meninos adolescentes, de maneira a se prevenir casamentos e gravidezes precoces.
Afirmou ser importante dar atenção aos programas de treinamento em habilidades de trabalho, de formação para o empreendimento feminino, fomento da agricultura, melhoria da dieta alimentar e nutricional, aumento da rede de abastecimento de água, saneamento básico do meio, bem como aos de protecção de ambiente e biodiversidade.
“Sabemos que o Executivo angolano no seu plano de desenvolvimento nacional aborda os desafios da desnutrição, da melhoria da aprendizagem e empoderamento das meninas e mulheres, uma abordagem que precisa de ser operacionalizada ao nível dos municípios, aproveitando a liderança municipal, em particular a feminina, para as iniciativas nos domínios da saúde , educação e protecção social”, referiu.
Manifestou o compromisso de tudo fazer para a eliminar as barreiras que ainda persistem em termos de acesso as oportunidades, "e que são impostas pelo sexismo estrutural em muitas franjas da sociedade angolana, pelos estereótipos sociais que atribuem papeis diferenciados para homens e mulheres, pelas estruturas patriarcais enraizadas e pelas barreiras institucionais".
A promoção do Workshop Mulher Líder na Governação Local”, enquadra-se no plano anual de actividade do ministério da Administração do Território, de acordo com os pressupostos do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 do Executivo Angolano.
Participaram do I Workshop Nacional Mulher Líder na Governação Local mulheres de todos os extractos sociais oriundas das 18 províncias do país e estrangeiras. MAG/SC