Luanda – O Comité permanente de Altos Funcionários da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) recomendou aos Estados-membro, esta terça-feira, em Luanda, maiores investimentos no sector agro-pecuário tendo em vista a segurança alimentar.
O facto foi dado a conhecer à ANGOP pelo porta-voz da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, a realizar-se no dia 17, no final de um encontro de perito preparatório da sessão do Conselho de Ministro, previsto para os dias 13 e 14 deste mês.
Segundo o embaixador Jorge Cardoso, o Comité Permanete de Altos Funcionários encorajou o Estados-membro a investirem na cadeia de valores, apostando na industrialização, para melhor enfrentar os desafios da segurança alimentar.
Acrescenta que estas recomendações assumem especial importância principalmente na sequência da crise de cereais devido ao conflito russo-ucraniano.
O Comité recomendou aos Estados da SADC para que encarem o conflitos como uma oportunidade, tirando proveito das suas potencialidades hidricas e terras aráveis, com vista a maximização da produção de bens alimentares de que necessitam.
Neste contexto, enalteceu o trabalho desenvolvido pelo governo angolano, por ter adoptado, para enfrentar as contrariedades resultantes da crise de cereais, programas estratégicos como o “Planagrão” e “Planapescas”.
Salientou que estes visam a segurança e autosuficiência alimentar por meio da diversificação económica.
O também director África, Médio Oriente e Assuntos Regionais, do ministério das Relações Exteriores informou que o Comité defendeu ainda a supressão e insenção de vistos de entrada para facilitar a circulação dos cidadãos na região.
Referiu que apesar de o Protocolo sobre Mobilidades não ter entrado ainda em vigorar, uma vez que não foi ractificado pela maior parte dos Estados-membro, existe um acordo de livre circulação, por um perído de 90 dias sem exigência de vistos.
Apontou como bons exemplos o de Angola, que tem vários acordos com países como a Namibia, o Botswana, Zimbabue e África dos Sul para facilitar a mobilidade de pessoas e bens.
Jorge Cardoso informou que o encontro discutiu também a paridade do género nos órgãos de soberania da região, tendo elegiado os avanços alcançados por países como a Namíbia e a África do Sul.
O director África do MIREX adinatou que o encontro de peritos exprimiu solidalidade para com os países afectados pelo terrorismo, como a RDC, fruto da reemergência do M23, e com Moçambique, que vai conhecendo alguma estabilidade.
SADC necessita mil milhões de dólares para projectos
A SADC necessita de mais de mil milhões de dólares para implementar o seu plano estratégico de desenvolvimento regional, que inclui o financiamento de 96 projectos prioritários, informou o porta-voz da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e Governo da organização regional.
Referiu que a situação financeira da organização inspira cuidados, dada a capacidade dos Estados em honrar os seus compromisisso, referindo que 70% do financiamento é garantindo pelos membros e 30% por parceiros de cooperação internacinal.
De acordo Jorge Cardoso, o processo de integração regional tem sido difícil devido a exiguidade de recursos, mas espera-se que os Estados-membro possam capitalizar o fundo de desenvolvimento regional para financiar a construção de infraestuturas necessárias.
Em relação a este aspecto reconheceu os esforços de alguns países, tal como o de Angola, pela sua aposta na construção das infra-estruturas do Corredor do Lobito.
Estas infraestruturas permitirão uma interligação entre Angola, RDC e a Zâmbia, prevendo-se por isso um impacto positivo nas económias dos países a juzante.
Disse que o Corredor do Lobito poderá interligar os oceanos Atlántico, por via do Porto do Lobito (Angola), e o Índico, em Dar El Salan (Tanzânia), com recursos próprios do Estado angolano e de parceiros internacionais.
Integram a organização regional Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo, Eswatini, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seychelles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Angola assume no mês em curso a presidência rotativa da SADC, para um período de um ano, depois de já o ter feito em 2012.
A SADC é uma organização inter-governamental criada em 1992 e dedicada à cooperação e integração sócio-económica, bem como à cooperação em matérias de política e segurança. JFS/SC