Huambo – O antropólogo e investigador Gregório Chicola considerou o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, como uma figura incontornável de África, com uma ampla visão política e literária, que contribuiu na libertação de povos.
Em declarações à ANGOP, por ocasião do Dia do Herói Nacional, que se comemora a 17 de Setembro, o também professor universitário disse que, através dos seus poemas, António Agostinho Neto influenciou os nacionalistas a lutarem pela libertação nacional, assim como instigou os movimentos pan-africanistas a pedirem pelo respeito dos direitos civis, sociais e políticos.
Salientou que, com as suas obras literárias “A Hora da Largada”, “Renúncia Impossível” e o “Sagrada Esperança”, incentivou a luta pela resistência e à crítica social, que galvanizou acções de combate dos nacionalistas ao jugo colonial.
Gregório Chicola afirmou que não se pode falar da descolonização de África sem invocar a figura de António Agostinho Neto, que, desde cedo, desempenhou um papel importante na movimentação de amnistia internacional para a independência, demonstrando que não era apenas um cidadão angolano, mas sim do mundo.
Para o antropólogo, a forma como pensava e agia, com um universalismo cultural, foi crucial para a libertação África Austral, bastando olhar nas suas declarações: “Angola é e será, por vontade própria, trincheira firme da revolução em África”, “Na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta”.
Daí, acrescentou, para a exaltação desta figura incontornável, o ponto de partida deve ser a maior divulgação das suas obras literárias, políticas e sociais à nova geração, para que saibam do seu legado em Angola, em África e no mundo.
Gregório Chicola exorta aos angolanos a não transformarem a figura de António Agostinho Neto com uma atitude reducionista e refém de um único partido político, mas, sim, um herói nacional de dimensão internacional, que ultrapassa dimensões ideológicas e partidárias.
Lamentou o facto de existirem estudantes que não lêem obras de António Agostinho Neto, pois são livros de cariz internacional, sobretudo “Sagrada Esperança” uma das mais traduzidas no mundo, em mais de 50 línguas.
António Agostinho Neto nasceu a 17 de Setembro de 1922, em Kaxicane, Icolo e Bengo, e faleceu a 10 de Setembro de 1979.
Como primeiro Presidente de Angola, proclamou a Independência Nacional do então jugo colonial português, a 11 de Novembro de 1975.
É uma referência da cultura nacional, tendo escrito várias obras traduzidas em diversas línguas, com destaque para “Quatro Poemas de Agostinho Neto”, em 1957, “Sagrada Esperança” (1974) e “A Renúncia Impossível” (1982). ZZN/JSV/ALH