Kampala – O Presidente da República de Angola, João Lourenço, manifestou-se, este sábado, em Kampala (Uganda), esperançado de que prevalecerá o espírito de unidade dos moçambicanos na resolução da crise pós-eleitoral que afecta o país.
Ao intervir na sessão de encerramento da Cimeira Extraordinária da União Africana (UA) sobre o Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura no continente, João Lourenço frisou que Moçambique, país que enfrenta um conflito armado em Cabo Delgado ainda não estabilizado em definitivo, vê-se a braços com um novo desafio à democracia.
Referindo-se ao surgimento da crise pós-eleitoral neste país do Índico, o estadista angolano realçou o facto de, em dois meses, já ter ceifado a vida de duas centenas de moçambicanos, para além da destruição de importantes infra-estruturas económicas e sociais.
O Presidente João Lourenço acrescentou que, tendo sido efectuado o anúncio definitivo dos resultados eleitorais, após a análise do contencioso eleitoral pela entidade competente, e marcada a data para a investidura solene do Presidente eleito, o continente e o mundo estão convencidos de que prevalecerá o espírito de unidade dos moçambicanos.
Esta esperança, disse, estende-se ao diálogo e à concertação tão necessários para o estabelecimento da ordem pública, do pleno funcionamento das instituições, da retoma da actividade económica e comercial e do retorno à vida normal dos cidadãos.
“Moçambique e os moçambicanos voltarão a sorrir e trabalhar para o desenvolvimento económico e social do país”, disse.
Ainda durante a sua intervenção, o Chefe de Estado angolano, que também presidiu a cimeira, manifestou a sua preocupação com a guerra que o povo do Sudão enfrenta, suas grandes consequências para a vida e segurança dos cidadãos, bem como para a economia do e dos países vizinhos, pelo elevado número de refugiados que recebem.
Neste contexto, apelou às partes em conflito para encararem seriamente a necessidade da resolução do conflito pela via do diálogo.
Ainda no que toca à situação de segurança no continente africano, o Chefe de Estado frisou que o conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Rwanda deve conhecer um desfecho em breve, “se tivermos em conta os grandes avanços alcançados nos últimos meses nas reuniões do Processo de Luanda, ao nível ministerial”.
Porém, defendeu que “uma cimeira ao mais alto nível ajudará, com certeza, a desbloquear o impasse para evitar o retrocesso do processo e assegurar que não sejam disperdiçados os entendimentos e ganhos já alcançados, nomeadamente, no que concerne à neutralização das Forças Democráticas de Libertação do Rwanda (FDLR) e à retirada do contingente militar do Rwanda do território congolês. HM/SC