Luanda – Cento e nove casos de vandalismo à linha dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL) ocorreram, em 12 meses, no troço ferroviário Luanda/Malanje, uma acção que tem custado milhões de kwanzas aos cofres de Estado angolano.
O porta-voz do CFL, Osório Augusto, afirmou, a propósito, que os actos de vandalismo consubstanciam-se no apedrejamento contra as locomotivas, subtração de fixadores da linha férrea e materiais de substituição, como carris e travessas de metais.
De igual modo, apontou o constante amontuado de lixo sobre vários pontos da via férrea como um acto de vandalismo.
Disse que essas acções resultam em inúmeros vidros quebrados e obriga a empresa a imobilizar uma série de carruagens, além de causar atrasos nas viagens.
Osório Augusto, que falava à ANGOP sobre a vandalização dos equipamentos do CFL, apontou o Cazenga, Sambizanga, a Boavista e Viana como áreas críticas na província de Luanda.
Outros pontos críticos, segundo o porta-voz, situam-se fora da capital angolana, com destaque para as regiões de Luinha, do Zenza-do-Itombe, da Canhoca e do Dondo, no Cuanza Norte.
Na ocasião, apelou à conservação dos bens públicos e desencorajou os actos de vandalismo que têm crescido nos últimos meses um pouco por todo o país.
Vandalização de infra-estruturas eléctricas
À semelhança do que acontece em outras regiões do país, Luanda tem sido alvo de constantes actos de vandalização e destruição de bens públicos, prática que tem afectado projectos do Estado de pequena e grande dimensões.
Fontes da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) admitem a possibilidade da existência de redes de malfeitores devidamente organizadas, que se dedicam ao roubo e à comercialização dos materiais de cobre que sustentam as torres instaladas nas diversas linhas em Luanda.
Em 2021, no período de Março a Maio, cinco dos 19 Postes de Transformação de Energia Eléctrica (Pts), com capacidade de 630 CVA cada, foram destruídos por desconhecidos, na centralidade do Kalawenda, município do Cazenga.
Essa prática causou danos avaliados em mais 396 milhões de kwanzas, deixando privadas de energia eléctrica mais de 450 residências.
Actos com contornos preocupantes
No quadro do combate aos crimes de vandalização dos bens públicos, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, considerou necessário combater esse mal com maior firmeza e sem contemplações.
Eugénio Laborinho, que falava por altura da reunião extraordinária do Conselho Superior de Polícia, adiantou que o furto e destruição de bens públicos são crimes com contornos preocupantes.
De acordo com o governante, o furto de cabos eléctricos, destruição de cabines eléctricas, tubagem de água potável e vandalização dos caminhos de ferro devem estar na mira das autoridades competentes.
Laborinho sublinhou que esse tipo de crime é "trazido para Angola por cidadãos estrangeiros, que tudo fazem para instigar os nacionais a roubarem o que é de todos nós, para vender a determinados países que vão transformar e revender ao nosso país".
Nos últimos anos, os criminosos, organizados ou de forma singular, apoderam-se de cantoneiras, cabos eléctricos, madeira, placas de energia solar e electrónicas, fios de cobre e alumínio, parafusos e travessas da linha férrea e tudo que renda algum trocado.
Os actos estenderam-se também à vandalização e profanação de símbolos nacionais, de monumentos de figuras históricas e “invasões” a habitações nas centralidades.