Soyo - Alguns académicos no município do Soyo, província do Zaire, acalentam esperanças num futuro promissor para África, apesar dos conflitos armados e as dificuldades de ordem social que ainda assolam o continente negro.
Ouvidos pela ANGOP, a propósito do Dia de África, a assinalar-se sábado, 25 de Maio, foram unânimes de que a solução dos inúmeros problemas que ainda grassam o continente berço da humanidade está nos próprios africanos.
O estudante do curso de Psicologia Geral, Agostinho Zeca Amaral, 24 anos de idade, considera a aposta na educação e formação do homem como uma das bússolas que podem conduzir o continente ao desenvolvimento almejado.
Na opinião deste estudante universitário, a África precisa de instituições democráticas fortes e capazes de garantir a efectivação dos direitos inalienáveis aos seus cidadãos, tal como o afirmaram, em outras ocasiões, alguns líderes mundiais.
Suzana Diatezua Matondo, também discente universitária, defende a mudança da mentalidade de alguns líderes africanos que na sua óptica devem trabalhar mais para o bem-estar dos seus cidadãos e nunca para o benefício próprio.
“Os primeiros que devem acreditar pelo futuro risonho de África deve ser a elite africana no poder”, enfatizou.
Reprovou, também, os golpes institucionais e de Estado, frisando que os políticos africanos devem resistir às tentações de perpetuar-se no poder fazendo emendas constitucionais para este fim, por considerar ser essa uma das causas da instabilidade política e social que se assiste em muitos países do continente.
A mesma opinião comunga o docente universitário Alexandre Quintas, para quem a nova geração de África deve olhar para o futuro do continente com uma nova perspectiva, despindo-se de conceitos do tribalismo, regionalismo e de exclusão social por razões de natureza política ou ideológica.
“Os africanos têm de despertar e acreditar que é possível empurrar o continente para o desenvolvimento almejado. Temos que deixar de encarar a migração para o mundo desenvolvido como a solução dos nossos problemas”, notou.
O historiador vincou que o futuro da humanidade está em África, lembrando que o continente negro é potencialmente rico em recursos naturais e minerais cobiçados pelas potências mundiais e com uma população maioritariamente jovem.
“Temos tudo para dar certo. Bastando apenas a união, determinação e a vontade política das nossas lideranças”, observou o docente do Instituto Superior Politécnico do Soyo.
O Dia de África é assinalado desde 1972, a 25 de Maio, por decisão da Organização das Nações Unidas (ONU).
Inicialmente nomeado Dia da Libertação de África, foi a 25 de Maio de 1963, que os líderes dos Estados africanos descolonizados, reunidos em Addis Abeba (Etiópia) criaram a Organização de Unidade Africana (OUA).
Na altura, a atenção da OUA era centrada na promoção da descolonização do resto do continente e no apoio à resolução de conflitos regionais subsequentes. Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana (UA), mas a celebração da data manteve-se.
A União Africana surge com novos objectivos, os de prevenir conflitos na região, promover o desenvolvimento do continente, assim como acelerar o processo de integração dos países africanos. PMV/JL