Quito - A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, foi alvo de uma queixa por usurpação e retenção ilegal de poder, um dia depois de acusar o Presidente Daniel Noboa de consumar um golpe de Estado.
Abad revelou na sexta-feira, nas redes sociais, que tinha sido alvo de uma queixa, apresentada em 04 de Janeiro por uma cidadã identificada como Ida Victoria Páez Cortéz, mas em que também constam quatro deputados.
A vice-presidente interpôs uma acção junto da justiça para anular os decretos emitidos por Noboa, em que delegava, durante três dias, as funções presidenciais à secretária da Administração, Cynthia Gellibert.
Isto porque, entre 09 e 12 de Fevereiro, Noboa enquanto este faz campanha para as eleições gerais de Fevereiro, nas quais procura apoio para ser reeleito e continuar a governar até 2029.
De acordo com a Constituição, Verónica Abad deveria assumir a Presidência do Equador enquanto Noboa faz campanha.
Mas Noboa alegou que Abad estava ausente do cargo por não se ter deslocado a Ancara, na Turquia, como conselheira temporária, tal como estipulado num decreto.
Na quinta-feira, Abad acusou Noboa de consumar um "golpe de Estado" e insistiu que tem sido vítima de uma "perseguição brutal, que tem um único objectivo: tomar o poder pela força".
Abad recordou que no sábado, através de um vídeo publicado nas suas redes sociais, pediu o apoio de várias instituições do Estado, incluindo as forças armadas, que responderam que não eram deliberativas e que lhes cabia acatar a vontade de Noboa, uma linha repetida pela polícia.
O secretário-geral da Assembleia Nacional do Equador, Alejandro Muñoz, explicou que o parlamento devolveu na quarta-feira o decreto enviado por Noboa, no qual ele confiava a presidência a Gellibert por três dias, por "erros legais e constitucionais".
Noboa e Abad têm tido um confronto amargo desde o início do governo, em Novembro de 2023, quando ele a enviou como embaixadora em Israel, e desde então Abad tem denunciado alegadas perseguições para a forçar a demitir-se e não lhe delegar a presidência durante a campanha eleitoral. JM