Caracas - O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) informou hoje (quinta-feira) que a recolha de manifestações de vontade para solicitar um referendo revogatório do mandado do Presidente, Nicolás Maduro decorreu com "absoluta normalidade".
Segundo o CNE, os resultados vão ser divulgados a 13 de Fevereiro.
A recolha decorreu no horário estabelecido "e o funcionamento dos locais de recepção manteve-se em absoluta normalidade" no 100% dos 1.200 centros estabelecidos.
"Prevê-se que a auditoria das impressões digitais de solicitação de manifestação da vontade tenha lugar entre 07 e 10 de Fevereiro. (...) O CNE deverá emitir a declaração de que é procedente ou improcedente o referendo revogatório no domingo 13 de Fevereiro", explicou aquele organismo na rede social Twitter.
Por outro lado, o CNE precisou que para se avançar no processo é necessário atingir as manifestações de vontade de 20% dos eleitores de cada uma das 24 regiões do país.
Entretanto, o Movimento de Venezuelanos pelo Revogatório (MOVER) divulgou um comunicado onde 62 organizações civis denunciavam que o calendário aprovado pelo CNE "é inconstitucional" e exigem condições para activar um referendo revogatório presidencial.
Segundo o comunicado, o CNE activou apenas 710 dos 1.200 centros previstos, o que apenas teria tornado possível recolher 201.600 das mais de 4,3 milhões de manifestações de vontade necessárias.
Terça-feira, o MOVER impugnou o calendário aprovado pelo CNE por considerar que viola princípios constitucionais e instou os venezuelanos a não se dirigem aos centros a pedir a realização do referendo.
Segundo Nicmer Evans, porta-voz do MOVER, a legislação prevê um prazo de 15 dias entre a data da aprovação do calendário e a realização da recolha de assinaturas para activar a consulta, tendo o CNE imposto o prazo de 12 horas e a data de 26 de Janeiro.
Segundo o MOVER, está em curso "uma fraude" e por isso foram solicitadas "medidas cautelares internacionais contra a pretensão de discriminar, uma vez mais, os venezuelanos", com uma listagem dos nomes dos cidadãos que pedem o revogatório.
Segunda-feira, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) anunciou que solicitará ao CNE a lista das pessoas que assinem o pedido do referendo revogatório.
"Nós, o PSUV, e neste caso particular, o Presidente da República tem todo o direito de saber quem o está a revogar, quem está a pedir um revogatório do seu mandato", disse o vice-presidente do partido, Diosdado Cabelo, aos jornalistas.
"As regras do jogo são claras: se você pede um revogatório, não tem que andar escondido", disse o político.
A oposição condenou o anúncio do PSUV, insistindo que os venezuelanos ainda se lembram que entre 2003 e 2004 foi criada a Lista Tascón, com os dados dos eleitores que solicitaram um referendo revogatório do falecido Presidente à altura, Hugo Chávez (1999 e 2013).
Segundo a oposição, a lista foi divulgada na Internet e usada pelo regime e seus simpatizantes para discriminar os opositores.
Em 18 de Janeiro último, o CNE anunciou que tinha aprovado três pedidos recebidos após o dia 10 de Janeiro, data em que se cumpriu 50% do actual mandato de Nicolás Maduro.