Nova Iorque - A UNICEF insistiu hoje nos apelos ao cessar-fogo entre Israel e Hamas e ao acesso à ajuda humanitária à população na Faixa de Gaza, onde a crise humanitária, seis meses após o início da guerra, atingiu "proporções alarmantes".
Num comunicado distribuído às redacções, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lembra que, nos últimos seis meses, a crise humanitária na Faixa de Gaza atingiu "proporções alarmantes", razão pela qual está no terreno a tentar apoiar crianças e famílias, apesar dos desafios sem precedentes.
Desde 07 de Outubro de 2023, refere a UNICEF, mais de 32.000 pessoas faleceram em toda a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridas. Cerca de 1,7 milhões de pessoas - quase 80% da população da Faixa de Gaza -- foram deslocadas, das quais 850 mil são crianças.
Até ao momento, quantificou a agência da ONU, 155 unidades de saúde foram danificadas, o que corresponde a 84% das instalações de saúde na Faixa de Gaza. Mais a mais, denuncia, 171 membros das várias agências da ONU morreram.
"Neste momento crítico, a UNICEF apela à implementação imediata e duradoura de um cessar-fogo humanitário, garantindo acesso sem obstáculos à ajuda humanitária e a libertação imediata, segura e incondicional de todas as crianças raptadas", refere a agência da ONU.
A organização apela também "ao fim das graves violações contra todas as crianças, incluindo assassínios e mutilações, assegurando um ambiente seguro e protegido para o seu desenvolvimento", ao fornecimento urgente de serviços médicos essenciais e tratamento médico para crianças feridas ou doentes, incluindo a evacuação médica de emergência quando necessário.
A UNICEF pede ainda "respeito e protecção da infra-estrutura civil, incluindo hospitais e escolas, que devem ser áreas seguras para crianças e suas famílias durante conflitos armados".
"É urgente garantir o financiamento necessário para continuar a fornecer ajuda vital às crianças e famílias afectadas pelo conflito. Apelamos à generosidade de todos para proporcionar água potável, alimentos, cuidados médicos, educação e protecção para as crianças que enfrentam situações de extrema vulnerabilidade", insiste.
Segundo a UNICEF, a insegurança alimentar intensificou-se com a interrupção contínua das cadeias de distribuição e a destruição de infra-estruturas e, segundo o "Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar" (IPC), cerca de 1,1 milhões de pessoas estão em risco iminente de enfrentar a fome, sobretudo no norte da Faixa de Gaza.
A falta de acesso a água potável afecta 81% dos agregados familiares, com disponibilidade média de três litros de água por pessoa por dia, muito abaixo do padrão mínimo de 15 litros, aumentando o risco de doenças infecciosas e problemas de saúde graves, principalmente entre crianças.
"A educação foi impactada com a destruição de 78% (386) das escolas na Faixa de Gaza, que afectou 625 mil estudantes. Apesar dos ataques, da escassez de combustível e dos bloqueios de comunicação, a UNICEF permanece no terreno, a entregar ajuda. Até ao momento, ajudámos mais de um milhão de pessoas com a entrada de 594 camiões e 43 voos 'charter' na Faixa de Gaza", adianta a agência da ONU.
Num resumo das actividades que tem, desenvolvido na Faixa de Gaza, a UNICEF relata a distribuição de suplementos nutricionais para 36.866 crianças e 21 mil mulheres grávidas, bem como o fornecimento de água potável a mais de 1,6 milhões de pessoas e a melhoria dos serviços de saneamento e higiene para outras 495.187, incluindo 4.400 pacotes de fraldas para bebés só nas duas últimas semanas.
Por outro lado, assistiu medicamente 609.785 pessoas, entregou 50 incubadoras e mais de um milhão de doses de vacinas, prestou apoio psicossocial, educação de emergência e actividades recreativas para 164 mil estudantes e professores, bem como serviços de emergência e protecção infantil para 151.802 crianças e cuidadores, distribuiu roupas de inverno para 160.205 crianças e deu apoio financeiro humanitário a 555.331 pessoas (83.890 famílias).
"Desde o início do conflito, a UNICEF reforçou as suas equipas no terreno, de 92 para 126 pessoas. Actualmente, estamos preparados para aumentar imediatamente o número de camiões disponíveis diariamente de quatro para 30, caso haja melhorias nas condições de acesso ou um cessar-fogo", termina a UNICEF. MOY/JM