Florença - A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, fez uma dura defesa da Ucrânia e do bloco europeu durante o seu pronunciamento na Conferência do Estado da União, que está a ser realizada em Florença, na Itália, hoje.
"Há uma realidade antes de 24 de Fevereiro e depois de 24 de Fevereiro. O mundo mudou e devemos entender que o peso da ordem democrática global agora está mais do que nunca nas costas da Europa. Nós devemos estar no nível de levar adiante e é o nosso momento 'custe o que custar'. Um momento que chega uma vez em cada geração. É preciso entender que a Europa está também nas ruas de Bucha, nos túneis de Mariupol, nas cantinas de Irpin e nas margens da Ilha das Cobras", disse a líder europeia.
A líder disse referir-se a alguns dos episódios mais dramáticos e chocantes da invasão russa na Ucrânia, como as centenas de civis encontrados mortos nas ruas e em valas comuns de Bucha, um cenário de prováveis crimes de guerra dos russos, e a resistência ucraniana na cidade portuária devastada de Mariupol.
"As pessoas que estão a ser brutalizadas procuram em nós apoio, esperança, vontade de sobreviver. Eles entendem que não há uma alternativa para a Europa. Qualquer um que viveu sob uma autocracia - que é uma marca de tantas nações na Europa nos últimos séculos - entende bem até demais que não há outro caminho. A Europa pode não ser perfeita, mas representamos um bastião da democracia liberal, das liberdades pessoais, da liberdade de pensamento e da segurança", acrescentou.
Metsola ainda criticou duramente o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e disse que o "grave erro" do líder do Kremlin "foi pensar que as nossas diferenças e a defesa dos direitos fundamentais fossem um sinal de fraqueza".
"Ele errou, e errou porque em democracias como a nossa, esses são os nossos pontos de força. E é por isso que aceleramos para a construção de uma nova união de segurança e defesa. Devemos nos desligar das nossas dependências do Kremlin, colocar fim às importações de petróleo e gás e continuar com as sanções e a ajuda para a Ucrânia porque precisamos reconstruí-la", adicionou.
Reconheceu que as sanções, especialmente no sector energético, "não são fáceis", mas defendeu que elas são a única forma de combater "nesses dias delicados" e cobrou união dos países do bloco.
Apesar da união de 26 dos 27 Estados-membros, a Hungria tem dado declarações fortes contra qualquer tipo de punição no sector de energia. O primeiro-ministro Viktor Orbán é aliado de Putin e continua a defender que não se aplique sanções no gás e petróleo.
Metsola foi a primeira líder da União Europeia a fazer uma visita formal a Kiev após Moscovo anunciar que concentraria as suas acções militares no sul e no leste do país. A política maltesa também é uma defensora da aceleração do processo para adesão da Ucrânia na União Europeia e é uma das principais vozes no combate a Putin.