Caracas - A missão da União Europeia (UE), a primeira em 15 anos a acompanhar as eleições regionais na Venezuela, anunciou que deixará o país neste domingo, após sete semanas de trabalho em que identificou várias irregularidades no processo.
"A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE) para as eleições regionais e locais de 21 de Novembro de 2021 conclui a permanência na Venezuela amanhã, 05 de dezembro", declarou a entidade em um texto divulgado neste sábado (4).
A saída "ocorre após mais de sete semanas de permanência em campo, incluindo as duas semanas após o dia da eleição".
Dois dias depois das eleições, em que o chavismo garantiu a maior parte dos assentos em disputa, a chefe da missão da UE, Isabel Santos, apresentou conclusões preliminares nas quais encontrou "melhores condições" do que nas votações anteriores.
No entanto, foram detectadas irregularidades como o uso de recursos públicos na campanha, a desqualificação "arbitrária" de candidatos e a instalação de postos de controlo partidário em centros de votação.
Rejeitando as irregularidades relatadas pela missão, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chamou os observadores europeus de "inimigos" e "espiões".
Além da presença de observadores internacionais, que contaram com pequenos painéis do Carter Center e das Nações Unidas, as últimas eleições viram o retorno dos principais partidos da oposição, que optaram por não disputar as eleições presidenciais de 2018, nas quais Maduro foi reeleito, e as legislativas de 2020, nas quais o chavismo retomou o controlo do Congresso. Denunciaram, então, ambos os processos como "fraudulentos".
No entanto, o regresso da oposição após anos de abstenção foi marcado por fracturas profundas que impediram candidaturas unitárias.
Criticada pelos principais dirigentes do chavismo, a missão da UE publicará um relatório final "que vai incluir recomendações para futuros processos eleitorais", durante uma visita entre Janeiro e Fevereiro, que será previamente notificada às autoridades.
O Carter Center divulgou um relatório preliminar na sexta-feira que também reflectiu "padrões de repressão política, severas restrições aos direitos de participação política e liberdade de expressão, vantagem evidente do governo e condições desiguais".
Mas, "apesar destes défices democráticos", as negociações entre sectores da oposição e do partido no poder deram lugar a mudanças importantes como a recomposição do órgão eleitoral CNE e a presença de observadores internacionais.