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UE convoca representante de Minsk e critica "aproveitamento político"

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  • Luanda • Quinta, 05 Agosto de 2021 | 19h29
Bandeira da União Europeia (Foto ilustração)
Bandeira da União Europeia (Foto ilustração)
angop

Buxelas - O representante bielorrusso na União Europeia (UE) foi hoje convocado por Bruxelas devido à tensa situação migratória na fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia, tendo os 27 expressado "repulsa" pelo aproveitamento político de imigrantes e refugiados.

Fontes citadas pela agência noticiosa espanhola EFE indicam que a UE apelou a Minsk para "parar de imediato" essa prática e para cumprir as suas obrigações na luta contra a imigração ilegal e tráfico de pessoas.

A Comissão Europeia (CE), segundo a EFE, está a encarar a possibilidade de convocar uma reunião informal dos ministros europeus ligados à questão migratória para analisar as situações na costa italiana e na fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia.

Hoje, o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ordenou às forças de segurança que apertem o controlo na fronteira com a "vizinha" Lituânia, numa altura em que o Governo de Vílnius começou a recusar os migrantes procedentes do território bielorrusso.

Nos últimos meses, a Lituânia, Estado-membro da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), tem testemunhado um intenso fluxo de migrantes procedentes da Bielorrússia, a maioria deles oriundos do Iraque.

O executivo lituano considera este fluxo migratório junto da sua fronteira um acto de retaliação por parte do contestado Presidente bielorrusso face às sanções impostas pelo bloco comunitário ao regime de Minsk, nomeadamente por causa do desvio de um avião civil, em Maio passado, e da detenção de um opositor que estava a bordo do aparelho.

Na terça-feira, o Governo da Lituânia deu ordens à guarda fronteiriça para recusar e expulsar, com recurso à força caso necessário, todos os migrantes procedentes da Bielorrússia que tentem entrar de forma irregular no território lituano.

Nesse mesmo dia, as autoridades lituanas recusaram e expulsaram do seu território 180 pessoas.

Ainda nesse dia, o Ministério do Interior lituano divulgou imagens filmadas a partir de um helicóptero que mostram, segundo assegurou o executivo de Vílnius, grandes grupos de migrantes a serem escoltados até à fronteira da Lituânia por veículos da guarda fronteiriça bielorrussa.

Em resposta, Lukashenko ordenou hoje às agências de defesa e segurança bielorrussas que "fechem cada metro da fronteira", de forma a não permitir que os migrantes possam voltar a entrar em solo bielorrusso.

"A partir de hoje, nenhuma pessoa deve pisar no território da Bielorrússia a partir do lado adjacente, seja do sul ou do oeste", afirmou Lukashenko, durante uma reunião com responsáveis da área da defesa e da segurança.

Na mesma intervenção, o líder bielorrusso criticou a Lituânia por estar a expulsar pessoas que o próprio país "convidou através de pontos de passagem fronteiriços oficiais".

Esta semana, as autoridades bielorrussas denunciaram que os migrantes que estão a ser expulsos à força pela Lituânia apresentam ferimentos, nomeadamente mordidas de cão, e que alguns foram hospitalizados.

Na quarta-feira, a Bielorrússia também informou, que uma pessoa "não eslava" morreu na sequência de ferimentos sofridos numa cidade fronteiriça.

A Lituânia contrapôs e classificou estas informações como "propaganda" de um regime hostil.

"É uma provocação óbvia. A Lituânia está sob um ataque híbrido e a divulgação de tal informação é um exemplo clássico deste processo", afirmou o ministro da Defesa lituano, Arvydas Anusauskas.

Esta situação está a agravar as relações já tensas entre os dois países "vizinhos", mas também o ambiente sentido entre Minsk e o Ocidente.

As relações entre Vílnius e Minsk estão neste estado desde as eleições de 09 de Agosto de 2020 na Bielorrússia, que reconduziram Lukashenko, no poder há quase três décadas, a um sexto mandato.

O escrutínio foi considerado fraudulento pela oposição bielorrussa e pelo Ocidente.

Desde então, a Lituânia tem apoiado e concedido refúgio a figuras do movimento opositor bielorrusso, incluindo à líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaia.

A Lituânia, país com pouco menos de três milhões de habitantes, partilha uma fronteira com a Bielorrússia de quase 680 quilómetros.

Cerca de 4.090 migrantes atravessaram este ano a fronteira entre a Bielorrússia e a Lituânia, segundo dados citados pelas agências internacionais.

As autoridades da Lituânia antevêem que mais de 10 mil migrantes poderão tentar chegar ao país báltico ao longo deste ano.

Na segunda-feira, as autoridades da UE prometeram milhões de euros para ajudar a Lituânia a enfrentar a actual crise migratória.

A imprensa polaca relatou, entretanto, que alguns migrantes procedentes do território bielorrusso também tentaram entrar na Polónia, outro Estado-membro da UE e da OTAN, mas em menor número.





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