Bruxelas - A União Europeia (UE) condenou hoje "a destruição deliberada de infra-estruturas" dos países do bloco comunitário, após novo corte de um cabo submarino, nas águas finlandesas, que Helsínquia suspeita ter envolvimento da Rússia, noticia o Notícias ao Minuto.
Em comunicado conjunto, a Comissão Europeia e a alta-representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, condenaram hoje "veementemente a destruição deliberada de infra-estruturas da UE".
Há a suspeita de que a destruição dos cabos submarinos tenha sido provocada por um navio russo, alegadamente pertencente à "frota fantasma", recentemente alvo de sanções pelos 27 países da UE.
A UE considerou este incidente o mais recente numa "série que se suspeita serem ataques às infraestruturas críticas" do bloco comunitário.
Bruxelas diz estar a apoiar as investigações ao incidente no Mar Báltico e prometeu reforçar os mecanismos de detecção e de comunicação para proteger estas infra-estruturas subaquáticas.
A UE assegurou ainda que, "de momento, não há qualquer risco no abastecimento de electricidade" na região.
A polícia finlandesa declarou hoje suspeitar que o petroleiro Eagle S, proveniente da Rússia e suspeito de integrar "a frota fantasma" russa, esteja envolvido na avaria do cabo eléctrico submarino entre a Finlândia e a Estónia.
"Vamos apresentar medidas adicionais, incluindo sanções, contra este navio", acrescentou a chefe da diplomacia da União Europeia, ex-primeira-ministra da Estónia.
O Presidente finlandês, Alexander Stubb, defendeu hoje na rede social X (antigo Twitter) a necessidade de "eliminar" os "riscos causados" pelos navios da chamada "frota-fantasma" russa.
"Acompanhámos a situação de perto desde ontem [quarta-feira]" com o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, acrescentou o chefe de Estado.
Também o Governo da Estónia anunciou a realização ainda hoje de uma reunião extraordinária.
De acordo com a primeira-ministra do país, Kristen Michal, e "apesar das férias", muitos estão a trabalhar para identificar e avaliar os contornos do incidente.
No dia de Natal, a ligação de corrente contínua EstLink 2 entre a Finlândia e a Estónia foi desligada da rede, anunciou na ocasião o operador finlandês Fingrid, que não afastou a possibilidade de sabotagem e que garantiu na altura que o fornecimento de electricidade não foi afectado.
O mesmo cabo esteve parado durante grande parte deste ano para reparar os danos provocados por um curto-circuito que pode ter sido causado pelo seu complexo posicionamento.
Sami Rakshit, director-geral das alfândegas finlandesas, afirmou em conferência de imprensa que o navio, com pavilhão das Ilhas Cook, transportava "gasolina sem chumbo carregada num porto russo".
A polícia abriu um inquérito por "sabotagem agravada", acrescentou Robin Lardot, do Serviço Nacional de Investigação, sobre o incidente que ocorre pouco mais de um mês após a ruptura de dois cabos de telecomunicações em águas territoriais suecas no Mar Báltico.
Ainda na mesma conferência de imprensa, Robin Lardot informou que a polícia finlandesa já tinha abordado o petroleiro Eagle S.
"Já abordámos o navio, falámos com a tripulação e recolhemos provas", declarou Lardot.
O navio encontra-se actualmente ao largo da costa de Porkkala, a cerca de 30 quilómetros de Helsínquia, após a intervenção de um barco-patrulha finlandês.
Segundo o Ocidente, a chamada "frota-fantasma" russa é constituída por navios que transportam petróleo russo e contornam as sanções impostas a Moscovo na sequência da guerra contra a Ucrânia.
Nos incidentes ocorridos no mês passado no Mar Báltico, as suspeitas recaíram sobre um navio de pavilhão chinês, o Yi Peng 3, que se encontrava na zona na altura da ruptura dos dois cabos de telecomunicações.
Antes, os gasodutos Nord Stream, que outrora transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram danificados por explosões submarinas em Setembro de 2022.
As autoridades consideraram que se tratou de sabotagem e abriram um inquérito criminal. MOY/AM