Kiev - O Ministério da Defesa ucraniano admitiu hoje que a Ucrânia recusa-se de cumprir o compromisso de destruir o arsenal de quase seis milhões de minas terrestres herdadas da era soviética devido à invasão da Rússia.
Embora tenha assumido esse compromisso relativo ao Plano de Acção de Oslo na Convenção de Proibição de Minas Anti-pessoal, o cumprimento da promessa "não é actualmente possível", avançou o responsável do Ministério da Defesa da Ucrânia Yevhenii Kivshyk, numa conferência sobre minas terrestres a decorrer no Cambodja.
"A agressão massiva, não provocada e injustificada da Federação Russa contra a Ucrânia levou a ajustes nos planos de destruição dos arsenais", argumentou.
Os arsenais e outros locais onde estão armazenadas minas anti-pessoal "têm estado sob constantes ataques aéreos e de mísseis por parte das forças armadas da Federação Russa", referiu o responsável.
Adiantando que "alguns deles estão em territórios actualmente sob ocupação das forças armadas russas".
Isso significa que não há "nenhuma possibilidade de realizar auditorias ou verificação dos 'stocks' de minas anti-pessoal", acrescentou.
A Ucrânia é signatária da Convenção sobre a Proibição de Minas Anti-pessoal e comprometeu-se a destruir o seu arsenal de minas terrestres, mas já anteriormente tinha falhado prazos para o objectivo.
Na semana passada, Washington anunciou que iria enviar minas terrestres anti-pessoal para Kiev para ajudar a combater as tropas russas, uma decisão imediatamente criticada pelos defensores dos direitos humanos.
Vítimas de minas terrestres de todo o mundo juntaram-se na convenção para protestar contra a decisão dos EUA, com mais de 100 manifestantes a alinharem-se no passadiço percorrido pelos delegados até ao local da conferência onde os países estão a analisar os progressos no tratado de proibição de minas anti-pessoal.
"Vejam o que as minas terrestres anti-pessoais farão ao vosso povo", lia-se num cartaz empunhado por duas vítimas.
Os Estados Unidos e a Rússia não são signatários da convenção anti-minas terrestres.
Kivshyk não fez qualquer menção à oferta dos EUA à Ucrânia durante o seu discurso na conferência no Cambodja.
A 5ª conferência da Convenção de Ottawa, (Canadá) que decorre em Siem Reap, Cambodja, desde segunda-feira, visa analisar, de cinco em cinco anos, a implementação desta convenção que proíbe os seus signatários de adquirir, produzir, armazenar e usar minas anti-pessoal.
O documento foi assinado por 164 países e territórios, entre os quais a Ucrânia, mas não os Estados Unidos nem a Rússia. GAR