Kiev - O Ministério da Defesa da Ucrânia garantiu hoje que o país já dispõe o "mínimo de armas disponíveis" para realizar para breve a contraofensiva contra as tropas russas, mas antevê que a acção vai durar "bastante tempo".
"Muitos civis ainda estão sob ocupação russa e não se pode perder mais tempo. Já existe um mínimo de armas disponíveis. Tudo o que posso dizer é que o ataque vai começar em breve", afirmou Kirilo Budanov, chefe dos serviços secretos do Ministério da Defesa ucraniano, numa entrevista à estação japonesa NHK.
Perante tal cenário, as autoridades ucranianas mantêm os apelos aos aliados para continuarem a fornecer armamento e munições.
Budanov sublinhou a necessidade da Ucrânia dispor de "reservas significativas" de armas para continuar a operação, embora esteja confiante nas repercussões da recente cimeira do G7 (grupo das sete democracias mais desenvolvidas) em Hiroxima, Japão. O representante espera que o encontro tenha ajudado os parceiros de Kiev a acelerar todos os mecanismos relacionados com os fornecimentos de armas e munições.
"Precisamos de mais armas", afirmou Budanov, que disse esperar que a comunidade internacional esteja "pronta para ajudar efectivamente a Ucrânia nesta contra-ofensiva", uma vez que poderá haver "combates pesados" durante um "longo período de tempo" face à capacidade de defesa da Rússia.
O que não desempenhará um papel "relevante" durante a próxima contra-ofensiva serão os tão aguardados caças F-16, como garantiu o porta-voz do Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos), Pat Ryder, que diminuiu as expectativas das autoridades ucranianas, assegurando que a entrega destes caças "é um compromisso a longo prazo".
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.DSC