Trabalhadores humanitários em Gaza lamentam obstáculos a renovar vistos

     Mundo              
  • Luanda • Domingo, 10 Março de 2024 | 17h00
Mapa da Faixa de Gaza
Mapa da Faixa de Gaza
Divulgaçao

Gaza - Os trabalhadores humanitários internacionais na Faixa de Gaza estão a queixar-se de obstáculos colocados pelas autoridades israelitas de renovação dos seus vistos, somando-se a dificuldades no acesso ao território e às elevadas inspecções dos seus carregamentos de ajuda.

Segundo três altos funcionários humanitários citados pela agência France Presse (AFP) e a Associação de Agências de Desenvolvimento Internacional (AIDA), um organismo que representa mais de 80 organizações, as autoridades de Israel deixaram de conceder novos vistos ou renovar os antigos a expatriados empregados por organizações não-governamentais (ONG) internacionais.

Até à última quinta-feira, os vistos de 57 funcionários humanitários expiraram e outros 42 expirarão nas próximas semanas, segundo Faris Arouri, director da AIDA, cujos membros trabalham nos territórios palestinianos.

"No total, são quase 150 vagas que tivemos de preencher com urgência durante dois meses", afirmou Arouri à AFP, acusando: "Acreditamos que isto faz parte do bloqueio em larga escala de Israel às operações de ajuda humanitária na Cisjordânia e em Gaza".

As agências das Nações Unidas também são afectadas, com vários pedidos de visto sem resposta, disse um funcionário da ONU à AFP.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Lior Haiat, respondeu que "houve uma mudança nos procedimentos relativos aos vistos para ONG", referindo o problema seria "resolvido num futuro próximo".

A Faixa de Gaza, onde as Forças de Defesa de Israel lançaram uma ofensiva em grande escala após o ataque do movimento islamita Hamas em 07 de Outubro em solo israelita, atravessa uma grave crise humanitária e ameaça de fome generalizada, segundo a ONU.

Pelo menos vinte crianças morreram de desnutrição, de acordo com o Ministério da Saúde do território gerido pelo Hamas, e os alimentos básicos são extremamente escassos no enclave superpovoado, onde cerca de dois milhões de pessoas estão deslocadas.

Devido ao congelamento dos pedidos de visto, 15 organizações encontram-se agora sem director, informou o director da AIDA.

Os vistos para trabalhadores humanitários exigem uma carta de recomendação do Ministério da Saúde de Israel, que não a fornece desde agosto, indicaram três organizações humanitárias à AFP.

Após o ataque de 07 de Outubro, o Ministério disse que não iria emitir novas cartas de recomendação, mas aos trabalhadores humanitários estrangeiros foi concedida uma prorrogação do visto até ao passado 08 de Fevereiro, segundo estas fontes.

Desde então, nenhuma nova prorrogação foi concedida.

A directora de uma ONG que trabalha no abastecimento de água na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, e cujo visto expirou, indicou que é autorizada a permanência em Israel com um documento que comprove que foi emitido um novo pedido. Mas não permite deslocações para o enclave nem para os territórios palestinianos ocupados.

"Isto dificulta a coordenação e gestão das nossas operações em Gaza", lamenta a diretora, que pediu anonimato para não se colocar em conflito com as autoridades israelitas.

A ONU, que gere os seus pedidos junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, continua a receber vistos, embora 67 pedidos continuem sem resposta, segundo um responsável.

A maior parte dos pedidos pendentes diz respeito a funcionários da Unicef, do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da UNRWA, a agência para os refugiados palestinianos, que está na mira de Israel, que acusa a entidade de empregar terroristas ligados ao Hamas.

Os vistos de um ano eram a norma, agora são frequentemente de dois meses e de um mês para as famílias do expatriado.

Em Dezembro, Israel anunciou que estava a revogar o visto de Lynn Hastings, coordenadora da ONU para os territórios palestinianos, acusando-a de ser tendenciosa e de usar uma "retórica perigosa".

Uma pessoa que trabalha no sector de ajuda humanitária disse à AFP que este tipo de considerações levantava temores de que "pedidos de cessar-fogo" pudessem fazer com que uma organização humanitária fosse considerada um "inimigo do Estado", comprometendo os vistos e o seu trabalho.CS
 

 



Tags


Fotos em destaque

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h04

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h01

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h54

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h50

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h45

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h41

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h37

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h34


Notícias de Interesse

A pesquisar. PF Aguarde 👍🏽 ...
+