Bruxelas - A União Europeia (UE) condenou sexta-feira a morte de 306.887 civis devido à guerra na Síria, entre 2011 e 2021, representando 83 mortes por dia.
"A UE condena com veemência esses crimes que provocaram a morte de tantos civis durante mais de uma década de conflito na Síria", disse um porta-voz do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE), citado num comunicado.
"Esses crimes foram perpetrados sobretudo pelo regime sírio e os seus aliados, inclusive através do uso de tortura e outros métodos criminosos", acrescentou.
A mesma fonte expressou ainda a solidariedade da UE para com as vítimas e o seu empenho em procurar "uma solução sustentável para crise na Síria", objectivo que, atentou, só pode ser alcançado com uma verdadeira solução política no quadro do processo de negociação entre as partes sírias facilitadas pelas Nações Unidas.
De acordo com o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) publicado esta semana, que relata pela primeira vez mortes de civis directamente como resultado do conflito, aproximadamente um em cada 13 mortes eram crianças (27.126) e mulheres morreram na mesma proporção (26.727).
Os números também indicam que 12.259 mortes foram causadas pela "utilização de objectos e outros meios, incluindo violência sexual, morte sob custódia, tortura, estrangulamento, mutilação, decapitação e enforcamento", lembrou o SEAE.
Estes números "sublinham a extensão do sofrimento humano na Síria", disse o porta-voz, sublinhando que os dados não incluem as mortes indiretas, ou seja, aquelas que são consequência da falta de acesso a bens ou serviços essenciais provocados pelo conflito.
"Desde o início do conflito, a UE pediu que os responsáveis por violar o direito internacional humanitário sejam responsabilizados. A UE continua a apoiar o povo sírio e está comprometida com a unidade, soberania e integridade territorial da Síria", concluiu.
A guerra na Síria começou em 2011 como resultado dos protestos da Primavera Árabe, tendo provocado a saída de milhões de refugiados do país.