Moscovo - A Rússia saudou hoje (quarta-feira) o estabelecimento de contactos directos entre dirigentes europeus e bielorrussos para tentar resolver a crise migratória na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia.
"Há uma troca de opiniões sobre como resolver [a situação] e é muito importante que tenha sido estabelecido um contacto directo", disse o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov, citado pela agência de notícias France-Presse.
Na segunda-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, falaram por telefone sobre a situação na fronteira oriental da União Europeia (UE).
Também o chefe diplomático da UE, Josep Borrell, falou com o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso, Vladimir Makei, no domingo e na terça-feira.
Estas conversações directas, que o Governo russo tinha solicitado, surgem numa altura em que os europeus reduziram os contactos com a Bielorrússia a um mínimo rigoroso devido à repressão de um vasto movimento de protesto contra Lukashenko desde o verão de 2020.
A UE também não reconheceu a controversa reeleição de Lukashenko em 2020 e adoptou sanções contra o seu regime.
Os 27 acreditam que Minsk orquestrou a actual crise migratória por vingança, encorajando os migrantes, especialmente iraquianos, a irem para a Bielorrússia para forçar a entrada no espaço europeu através da fronteira com a Polónia.
O Governo bielorrusso rejeita estas acusações e exige que a UE deixe entrar os milhares de migrantes concentrados junto à fronteira.
O executivo da Polónia advertiu nesta quarta-feira que a crise migratória na fronteira da Bielorrússia poderá durar "meses, ou mesmo anos", e a ONU apelou, na terça-feira, para o fim da instrumentalização de migrantes e refugiados "nas disputas entre países".