Moscovo - O Presidente russo, Vladimir Putin, exortou a União Europeia (UE) a acolher refugiados afegãos retidos na fronteira da Bielorrússia com a Lituânia, Letónia e Polónia, que culpam o líder bielorrusso por utilizar a imigração como arma política.
"Alguns afegãos chegam à fronteira bielorrussa com a Lituânia e a Polónia. Eles [europeus] expulsam todos do território comunitário, incluindo os afegãos. Não compreendo esta lógica", disse o Presidente russo, quinta-feira numa conferência de imprensa conjunta com Alexandr Lukashenko.
Putin apelou para que os países da UE recebam esses afegãos.
"Pode culpar-se a Bielorrússia por tudo, mas pelo menos aceitem estes afegãos", disse o líder do Kremlin. "Para onde devemos expulsá-los? Para o Afeganistão? E depois pedem-nos para os tirar de lá. Não há lógica nisto", acrescentou.
Os países da UE que fazem fronteira com a Bielorrússia, em particular a Lituânia, a Letónia e a Polónia, defrontam-se há meses com uma afluência de migrantes provenientes do país governado por Alexander Lukashenko.
Considerado o último ditador na Europa, Lukashenko é alvo de sanções da UE devido a políticas repressivas e antidemocráticas, e o encaminhamento da vaga de migrantes indocumentados é interpretada pelos países-vizinhos como uma retaliação.
Putin apelou à UE para resolver a crise migratória directamente com a Bielorrússia.
"Falem com as autoridades bielorrussas. O que é que fazem a falar connosco? A Rússia não tem nada que ver com isto", salientou Putin, depois de os líderes europeus o exortarem a influenciar Lukashenko para resolver a situação dos afegãos bloqueados na fronteira.
Na quinta-feira, ao lado de Putin, o Presidente bielorusso disse que está pronto para negociar com a UE, se os países europeus quiserem normalizar as relações.
"Faremos sempre o que temos de fazer como um parceiro de confiança. Se a Europa quer relações normais, por favor, estamos prontos para chegar a um acordo amanhã", transmitiu Lukashenko.
No entanto, o presidente bielorrusso tomou na quarta-feira a medida formal de suspender com a UE o acordo de readmissão de imigrantes indocumentados, em vigor desde Julho de 2020, ao enviar a respectiva lei para o Parlamento.