Moscovo - A Rússia manifestou hoje o seu apoio à China numa altura de fortes tensões sobre a questão de Taiwan, alertando os Estados Unidos da América (EUA) contra quaisquer medidas "provocatórias" que possam agravar a situação.
Na quinta-feira, durante uma conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Joe Biden, o Presidente chinês, Xi Jinping, avisou Washington para não "brincar com o fogo" em relação a Taiwan.
Hoje, o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, reagiu à conversa entre os líderes chinês e norte-americano, afirmando que a Rússia apoia firmemente a soberania e a integridade territorial da China.
"Acreditamos que nenhum outro país tem o direito de colocar isso em dúvida ou tomar medidas provocatórias", disse Peskov, referindo-se à disputa sobre a soberania de Taiwan, reclamada por Pequim.
Nas mesmas declarações, Peskov advertiu os EUA contra eventuais movimentos "destrutivos", acrescentando que "tal comportamento na arena internacional só pode exacerbar as tensões, pois o mundo já está sobrecarregado com problemas regionais e globais".
Esta posição do Kremlin reflete os laços estreitos entre Moscovo e Pequim, que se fortaleceram desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A conversa entre os governantes da China e dos EUA - a quinta desde que Biden chegou à Casa Branca em janeiro de 2021 - acontece num momento em que se fala de uma possível visita à ilha de Taiwan da líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, em agosto, situação que está a intensificar a tensão entre Washington e Pequim.
Pelosi ainda não anunciou oficialmente nenhuma viagem a Taiwan, mas o Governo chinês tem vindo a alertar que responderá com "medidas fortes" se a visita se confirmar.
O executivo chinês não referiu se a eventual visita de Pelosi foi mencionada na conversa, mas fez saber que Xi Jinping rejeitou novamente a "interferência de forças externas" que possam encorajar Taiwan a tentar tornar permanente o seu estatuto de Estado independente, algo que tem assumido há várias décadas.
"Proteger resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial da China é a firme vontade dos mais de 1,4 mil milhões de chineses", disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian.
"Aqueles que brincam com fogo morrerão com o fogo", reforçou o porta-voz da diplomacia chinesa.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês refugiou-se na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.
A China reivindica Taiwan como uma província separatista a ser reunificada pela força, caso seja necessário, e opõe-se a qualquer actividade da ilha enquanto entidade política independente.
As relações entre Taipé e Pequim estão mais tensas desde a eleição da atual chefe de Estado do território, Tsai Ing-wen, em 2016, que considera a ilha um Estado soberano e que não faz parte da China.
Apesar deste diferendo, Taipé e Pequim estão ligados por fortes relações comerciais e de investimento.