Moscovo - O presidente russo, Vladimir Putin, incluiu a defesa da soberania cultural da Rússia como um dos objectivos da política estatal na área da cultura, segundo um decreto publicado esta quarta-feira no portal oficial de informação jurídica.
O decreto assinado por Putin alterou a anterior política estatal na área da cultura, que tinha sido aprovada em 2014, o ano em que a Rússia invadiu a Ucrânia pela primeira vez.
A partir de agora, a política cultural do Estado deve "defender a soberania cultural da Rússia" e aumentar o papel do país no espaço cultural global, noticiou a agência espanhola EFE.
O decreto estabelece a tarefa de "preservar os valores e princípios fundamentais que constituem a base da unidade da sociedade russa".
Assegura "o desenvolvimento do nosso país como Estado social, garantindo a protecção dos direitos humanos e das liberdades e aumentando a qualidade de vida", segundo o texto do decreto.
Este objectivo só poderá ser conseguido com um "investimento consistente" nas pessoas, na preservação e no fortalecimento da identidade civil russa, "com base nos valores espirituais e morais tradicionais" dos russos.
"Até há pouco tempo, estes investimentos eram claramente insuficientes, o que criou o perigo de uma crise de humanidade", lê-se no documento.
A política cultural estatal renovada prevê também a "criação de condições para a educação e desenvolvimento dos menores com base nos valores espirituais e morais tradicionais russos, e a defesa dos interesses das crianças".
Defende também "os valores tradicionais da família e a instituição do casamento como a união de um homem e de uma mulher".
A nova política dará prioridade a todas as actividades culturais que procurem preservar os valores tradicionais, a memória histórica e proteger a "verdade histórica".
De acordo com a agência russa Ria-Novosti, a política estatal deve criar condições para a popularização da cultura, da língua e da literatura russas no estrangeiro, incluindo a preservação da "identidade cívica totalmente russa" de quem emigrou.
Contém ainda disposições sobre a "tomada de medidas para proteger a sociedade russa da expansão ideológica e de valores externos, e do impacto informativo e psicológico destrutivo".
O decreto enumera também as "manifestações mais perigosas" para o futuro da Rússia, incluindo a "destruição dos valores espirituais e morais tradicionais", o enfraquecimento da "unidade de um povo multinacional", a diminuição do nível cultural da sociedade e o crescimento da agressividade e da intolerância.
"A deformação da memória histórica, uma avaliação negativa de períodos significativos da história nacional", e a "difusão de uma falsa ideia do atraso histórico da Rússia" são também preocupações a que nova política estatal visa dar resposta, acrescenta a agência russa.