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Retrospectiva: Rússia-Ucrânia - Testes de mísseis balísticos alarmam 2024

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  • Luanda • Sexta, 03 Janeiro de 2025 | 12h38
Guerra Ucrânia vs Rússia
Guerra Ucrânia vs Rússia
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Luanda - Os testes do míssil balístico intercontinental (ICBM) Yars, realizados pelos russos a partir da plataforma de lançamento de Plesetsk, na península de Kamchatka, e de outros dos submarinos nucleares Novomoskovsk e Knyaz Oleg marcaram a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, em 2024.

Por Manuel Jerónimo, jornalista da ANGOP

Fruto do seu revigorado complexo industrial-militar, a Rússia testou, em 2024, um conjunto de novas armas, como "medida extremamente excepcional", mas alegando que não pretende envolver o país "em uma nova corrida armamentista".

O míssil hipersónico é uma arma absolutamente disruptiva, pela qual, actualmente, há uma intensa corrida tecnológica para torná-lo operacional, e que a Rússia, aparentemente, com o êxito da experiência, se tornou a potência pioneira na sua utilização.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, justifica a decisão de iniciar exercícios com o "aparecimento de novas ameaças e riscos externos", acrescentando que "é importante dispor de forças estratégicas modernas e constantemente prontas a utilizar".

É praticamente consensual entre analistas militares que a entrada em cena dos mísseis hipersónicos, potencialmente, anula a capacidade de defesa anti-aérea de um país, inclusive contra artefactos nucleares.

Essa nova realidade política começa a ganhar importância a partir do momento em que Vladimir Putin ordenou a realização de novos testes e a produção em massa do novo míssil Oreshnik (míssil balístico de alcance intermediário).

Em reacção, Volodymyr Zelensky, Chefe de Estado da Ucrânia, apelou aos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para fornecer ao país sistemas de defesa aérea de última geração.

“O mundo necessita também de dar "uma resposta firme e séria" ao uso da nova arma, de modo a obrigar Putin a recuar e a fazê-lo sentir as consequências das suas acções”, disse Zelensk, acrescentando que “a verdadeira paz só pode ser alcançada através da força – não há outro caminho”.

Lembrou, igualmente, que o recurso, por parte da Rússia, a um míssil balístico experimental constitui "uma clara e severa escalada" da guerra.

Desde o início da guerra, em Fevereiro de 2022, uma das maiores preocupações era a possibilidade de uma escalada para a utilização de armamento nuclear.

No desenrolar da guerra, ficou clara a outra ameaça: a destruição (intencional ou não) de fábricas nucleares no território ucraniano.

O principal foco da apreensão é a planta de Zaporizhizhia, a maior da Europa.

Especialistas alertam que o impacto de um desastre no local poderia ter consequências mais graves do que em Chernobyl (nome de um acidente nuclear catastrófico ocorrido em 26 de Abril de 1986 no reactor nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripiate, no norte da Ucrânia).

De acordo com a Associação Nuclear Mundial, a Ucrânia tem 15 reactores em quatro Usinas (instalações industriais que geram energia eléctrica ou atende a uma especialidade industrial de grande porte) que, antes da invasão em grande escala da Rússia geravam cerca de metade de sua electricidade.

Motivos e danos

Motivado pelo avanço da OTAN no Leste Europeu e por questões geopolíticas entre os dois países, a invasão russa tem estado a causar, além de danos humanos e materiais, poluição do ar, da água, da terra e do solo, bem como nos ecossistemas, com o risco de repercussões nos países vizinhos.

O saldo é de dezenas de milhares de mortos e feridos, além de 6,5 milhões de refugiados ucranianos que buscam protecção em outros países europeus e quase 4 milhões de pessoas deslocadas dentro do território ucraniano.

As estimativas que resultam das inspecções ambientais na Ucrânia mostram que a guerra entre a Rússia e Ucrânia provocou já danos ambientais no valor de aproximadamente 52,4 mil milhões de euros (1 euro equivale a KZ 918,00).

Especialistas avançam que mesmo se a guerra acabar nos próximos dias, os ucranianos terão que lidar com os efeitos das explosões durante muito tempo.

O professor de Geografia do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante (Brasil), Dario Francisco Feltrin, afirma que as explosões de minas terrestres, por exemplo, espalham produtos químicos e radioactivos, contaminando o solo e lençóis freáticos.

Por seu turno, a docente de Química da Oficina do Estudante, Tathiana Guizelini, alerta também que as explosões dispersam detritos e materiais radioactivos na estratosfera.

Além das explosões, disse, o grande número de tanques, blindados e outros veículos de guerra utilizados lançou toneladas de carbono na atmosfera. Esses poluentes se espalham e caem pela área ao redor da detonação, por precipitação.

Referiu também que os animais que se alimentam em zonas afectadas pela guerra possuem concentrações grandes de radioisótopos, que reduzem a sua expectativa de vida e capacidade de reprodução.

“Como os agentes poluidores são de meia-vida muito longa, esses efeitos são de longo prazo, o que pode levar à fragilização dos ecossistemas atingidos por centenas de anos”, explica a professora.

Os impactos ambientais causados pela guerra também poderão ser sentidos em outros países da Europa, pois a poluição espalhada pelo ar tem potencial de levar a mancha de contaminação radioactiva a lugares muito distantes da detonação, segundo a docente.

Acções diplomáticas

As iniciativas diplomáticas de líderes de todo o mundo, iniciadas em Fevereiro de 2022, em ajudar a pôr fim à invasão da Ucrânia pela Rússia e conduzir rapidamente a uma paz estável e duradoura, voltaram a resultar, no ano findo, apenas em algumas trocas de prisioneiros.

Dados recentes apontam que fruto dos processos de negociações a Rússia devolveu três mil 672 ucranianos desde o início do conflito armado que participaram na defesa das cidades de Mariupol, Donetsk, Luhansk, Zaporíjia, Kherson, Kharkiv e Kiev.

A Rússia, por sua vez, anunciou o regresso de mais de 103 militares que tinham sido capturados na região de Kursk.

Desde então, inúmeros desdobramentos diplomáticos têm estado a acontecer, como reuniões e resoluções na ONU, sanções, ameaças de uso de bombas nucleares tácticas e a anexação de mais regiões da Ucrânia por parte da Rússia.

Embora seja tentador projectar cenários apocalípticos para o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o único resultado previsível será um acordo negociado que, por enquanto, ambos os lados continuam a recusar.

Ou seja, o curso militar desta guerra será determinado em Moscovo, Kiev, Washington, Bruxelas, Beijing, Teerão e Pyongyang, mais do que em Avdiivka, Tokmak, Kramatorsk ou em qualquer um dos campos de batalha devastados ao longo das linhas da frente.

Impacto económico

Em 2022, logo após o início da guerra, economistas previam que o PIB russo teria um colapso e encolheria até 10%. Mas a queda foi de apenas 1,2%, um recuo pífio para um país em guerra.

No ano seguinte, em 2023, a economia russa cresceu 3,6%, superando o crescimento de todos os países do G7 e o avanço tímido de 0,4% da União Europeia.

Em 2024, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa que o PIB da Rússia cresceria 2,6%, bem acima da projecção para a Zona do Euro de 0,9%.

Tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes produtores de alimentos, que são exportados para diversas regiões do mundo.

Segundo a ONU, a Rússia fornece normalmente ao mundo cerca de 45 milhões de toneladas de grãos por ano, estando entre os cinco maiores exportadores globais de cevada, milho e trigo. É também o maior exportador de óleo de girassol, respondendo por 46% das exportações mundiais.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou que até 47 milhões de pessoas podem ter “insegurança alimentar aguda” por causa da guerra.

Aliados da Rússia

O Governo russo tem forte apoio de Bielorrússia e do seu Presidente, Aleksander Lukaschenko.

O país faz fronteira tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, tendo sido utilizado como caminho para o exército russo durante o conflito.

Outros líderes que demonstraram apoio a Vladimir Putin são Nicolás Maduro, da Venezuela, Daniel Ortega, da Nicarágua, e o deposto Presidente da Síria, Bashar al-Assad

Além disso, outras nações se abstiveram em votações na ONU que condenavam a guerra, como Coreia do Norte, Índia, Emirados Árabes Unidos, China e Irão.

Aliados da Ucrânia

Desde que Moscovo deu início à invasão, os mais vocais - e mais poderosos - aliados do governo do Presidente Volodymyr Zelensky têm sido os Estados Unidos e a União Europeia.

Outros países membros da OTAN e algumas nações vizinhas à Ucrânia também têm demonstrado apoio.

EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Portugal, Itália, Espanha, Grécia, República Tchéquia, Polónia, Roménia, Canadá, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Croácia e Eslovénia são os países que fornecem ajuda militar.

Israel e Austrália, que não são membros da UE ou da OTAN, actuam também como aliados da Ucrânia. JM/ADR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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