Luanda – A morte de mais de 100 pessoas atingidas por tiros de soldados israelitas quando tentavam receber ajuda humanitária na região oeste da cidade de Gaza esteve, entre os factos noticiosos que mais se destacaram na área Internacional da ANGOP, na semana que termina hoje (sábado).
Fontes israelitas confirmaram à AFP que os soldados abriram fogo após se sentirem "ameaçados", mas os mesmos negam qualquer responsabilidade pelas mortes, afirmando que a multidão "atacou os caminhões" e que, como resultado, dezenas de pessoas teriam morrido por superlotação, aglomeração e atropelamento.
Os ataques ocorreram no dia em que a guerra totalizou mais de 30 mil mortos só na Faixa de Gaza, sendo cerca de 25 mil crianças e mulheres, segundo estimativas do Pentágono.
Depois de quase cinco meses de guerra entre Israel e Hamas, a ONU calcula que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a maioria da população, correm o risco de morrer de fome, na Faixa de Gaza.
Marcou, igualmente, a semana o anúncio da apresentação pelo Exercito israelita de um plano para a retirada das populações civis das "zonas de combate", na Faixa de Gaza.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o plano surge antes de uma anunciada ofensiva terrestre israelita, em Rafah, uma cidade sobrepovoada do sul do território palestino, considerada por Netanyahu o "último bastião" do movimento islamita Hamas.
Recentemente, o Governo israelita prometeu desencadear esta operação militar, apesar das negociações em curso destinadas a garantir uma nova trégua na guerra contra o Hamas.
A ofensiva em direcção a esta cidade do sul da Faixa de Gaza, onde se concentram 1,5 milhão de civis, encurralados contra a fronteira encerrada do Egipto, apenas será "adiada" caso seja concluída uma nova trégua, advertiu o primeiro-ministro israelita em declarações à cadeia televisiva norte-americana CBS.
A Faixa de Gaza, totalmente cercada por Israel, está confrontada desde o início da guerra, em 7 de Outubro, com uma grave catástrofe humanitária com 2,2 milhões de pessoas, a quase totalidade da população do enclave, sob ameaça de "fome generalizada", segundo a ONU.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de Outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva no território palestino que já causou mais de 29 mil mortos, na maioria mulheres, crianças e adolescentes, de acordo o Hamas, que controla o território desde 2007.
A população da Faixa de Gaza confronta-se com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e electricidade.
Outro facto marcante foi o anúncio feito por Israel da interrupção, por 40 dias, as operações militares na Faixa de Gaza durante o Ramadão, o mês sagrado para os muçulmanos, que começa entre os dias 10 e 11 de Março.
A proposta prevê a reforma de hospitais e padarias de Gaza, a entrada diária de 500 caminhões de ajuda humanitária no enclave palestino e a entrega de milhares de barracas e caravanas aos deslocados.
O chefe do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, David Barnea, reuniu-se separadamente com representantes do Qatar, do Egipto e dos Estados Unidos para analisar a proposta, que prevê também a libertação de 40 reféns israelitas detidos na Faixa de Gaza desde o ataque ao Hamas, em 7 de Outubro. Em troca, Israel liberta cerca de 400 prisioneiros palestinos.
Mereceu também destaque nos últimos sete dias, a decisão da União Europeia (UE) de prolongar até 28 de Fevereiro de 2025 as sanções impostas à Bielorrússia devido à repressão no país e ao apoio de Minsk à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Esta decisão foi tomada na sequência da revisão anual das medidas restritivas em vigor e tendo em vista a continuação da repressão e, segundo um comunicado do Conselho da UE, da "drástica deterioração da situação dos direitos humanos" na Bielorrússia.
O apoio do regime de Alexander Lukashenko à guerra lançada há dois anos pela Rússia contra a Ucrânia é outro fundamento para a renovação das sanções.
As ratificações foram adoptadas em Agosto de 2020 contra os responsáveis do regime de Minsk, incluindo Lukashenko, pela repressão interna e as violações dos direitos humanos.
Desde Fevereiro de 2022, quando foi iniciada a invasão russa do território ucraniano, as medidas do bloco comunitário também tiveram em conta o envolvimento bielorrusso na agressão russa.
As medidas sancionatórias abrangem o congelamento de bens e a proibição, na UE, da disponibilização de fundos, bem como a interdição de entrada no espaço europeu. No total, as sanções abrangem 233 pessoas e 37 entidades. JM