Moscovo - O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje a anexação da Crimeia como uma decisão oportuna, justificando com o que ocorreu desde 2014 na Ucrânia.
"Em Fevereiro-Março de 2014, os habitantes da Crimeia e de Sebastopol mostraram coragem e patriotismo", disse Putin, citado pela agência espanhola EFE, no início de uma reunião governamental sobre o desenvolvimento da Crimeia na véspera do oitavo aniversário da anexação.
O Governo russo oficializou a "reintegração da Crimeia na Federação Russa" a 18 de Março de 2014, dois dias depois de um referendo na península do sudeste da Ucrânia.
Putin disse que os que votaram a favor "ergueram um muro contra o avanço dos neonazis e radicais que organizaram e perpetraram o golpe em Kiev", referindo-se à destituição do então presidente ucraniano, Viktor Ianukovich.
O líder russo elogiou os habitantes da Crimeia que "não tremeram e fizeram uma escolha livre e consciente de se manterem com a Rússia", seis décadas depois de o então dirigente soviético Nikita Khrushchev ter anexado a região à Ucrânia.
"Os últimos anos demonstraram convincentemente quão correcta e oportuna foi essa escolha (...). Basta olhar para o que está a acontecer no Donbass e tudo se torna claro", afirmou.
Antes de anunciar a "operação militar especial" na Ucrânia a 24 de Fevereiro, Putin reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass.
Putin utilizou como um dos argumentos para a intervenção militar no país vizinho o alegado "genocídio" cometido pelo exército ucraniano contra os habitantes do Donbass, onde mais de 700.000 pessoas receberam passaportes russos nos últimos anos.
Na reunião de hoje sobre o desenvolvimento da Crimeia, Putin exortou as empresas afectadas pelas sanções decretadas pelo Ocidente a investirem no território situado entre os mares Negro e de Azov.
"Os grandes grupos russos, que tinham medo de sanções, não têm agora nada a temer. Podem vir calmamente para a península, incluindo bancos, e trabalhar activamente na região", disse Putin.
"As restrições contra a Rússia criam muitos problemas, mas não só isso, também abrem novas oportunidades", acrescentou.
Os habitantes da Crimeia realizaram um referendo a 16 de Março de 2014, no qual apoiaram esmagadoramente a incorporação do território ucraniano na Rússia.
No dia seguinte, a República da Crimeia proclamou a independência e pediu a adesão à Federação Russa, que Putin anunciou publicamente a 18 de Março.