Islamabad - Várias cidades paquistanesas foram no domingo palco de manifestações contra a queda do governo do primeiro-ministro Imran Khan e em protesto pela alegada "conspiração estrangeira" na origem da moção de censura que afastou o governante.
Imran Khan, foi afastado do poder no sábado por uma moção de censura aprovada pela Assembleia Nacional, na sequência de várias semanas de crise política.
A moção foi "aprovada" por 174 dos 342 deputados, anunciou o presidente em exercício da Assembleia, Sardar Ayaz Sadiq.
No domingo, milhares de apoiantes do político, convocados pelo Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), o partido de Imran Khan, reuniram-se em diferentes cidades para mostrar o apoio ao líder carismático que deixou o poder prematuramente.
Os vídeos divulgados pelo PTI mostraram vários milhares de pessoas a manifestar-se em apoio ao antigo líder e contra os Estados Unidos.
"A escravatura não é aceitável", cantaram os manifestantes.
Imran Khan acusou os Estados Unidos de, com o apoio dos partidos da oposição, orquestrar a moção de censura, motivada por ter optado por uma política externa sem restrições para o Paquistão, como quando decidiu manter a sua visita oficial a Moscovo, apesar de esta ter coincidido com o início da invasão russa da Ucrânia.
"Obrigado a todos os paquistaneses pelo vosso apoio incrível e efusivo, por protestarem contra a mudança de regime apoiada pelos EUA (...) para colocar no poder um grupo de ladrões", disse Imran Khan numa mensagem na rede social Twitter.
E depois noutra mensagem: "Nunca na nossa história houve multidões que saíssem tão espontaneamente e em tão grande número para rejeitar o governo importado liderado por ladrões".
Embora poucos canais de televisão tenham dado cobertura às manifestações pró-Khan, imagens gravadas dos protestos e colocadas nas redes sociais mostram vários milhares de pessoas nas ruas.
Um dirigente do TPI disse que houve censura por parte da comunicação social, e afiançou haver uma "séria ameaça" à vida de Imran Khan.
O PTI disse hoje que iniciará uma grande campanha e que o primeiro grande comício terá lugar na quarta-feira em Peshawar, onde Imran Khan irá dirigir-se ao país.
O Parlamento tem agendado para segunda-feira a eleição de um novo primeiro-ministro.
Nenhum primeiro-ministro cumpriu o seu mandato no Paquistão desde a independência do país em 1947 mas Imran Khan é o primeiro chefe de governo paquistanês a cair numa moção de censura.
O seu sucessor à frente dos destinos da república islâmica de 220 milhões de habitantes e dotado de armas nucleares deve ser Shehbaz Sharif, o líder da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N).
Imran Khan, 69 anos, famoso por conduzir a equipa nacional de críquete, desporto rei do país, à sua única vitória no Campeonato do Mundo em 1992, e que se tornou primeiro-ministro em 2018, tentou tudo para se manter no poder.
Os seus apoiantes recusaram-se inicialmente a pôr à votação a moção de censura e optaram por dissolver a Assembleia, para convocar eleições antecipadas.
Mas o Supremo Tribunal considerou todo o processo inconstitucional, restabeleceu a Assembleia e ordenou a votação, que levou à saída de Imran Khan.